Quando estamos a procura de algum produto para comprar, costumamos verificar qual a marca dele, de modo que possamos reconhecê-lo.
Cristo, com sabedoria Divina, ao estabelecer Sua Igreja, deixou-nos alguns meios para reconhecê-la, algumas “marcas” para que aqueles de boa vontade possam encontrá-la. Jesus fez isso, porque fundou a Igreja pagando como preço a sua própria vida, não sendo o pertencer à Igreja uma escolha, mas a Porta do Céu.
Essas marcas quem estão atreladas à Igreja são quatro: Unidade, santidade, catolicidade e Apostolicidade. Qualquer Igreja que diga ser de Cristo deve conter em si essas características.
Unidade
O primeiro caráter que encontramos no Credo é a unidade. Essa unidade é observada na unidade de credo, de culto e de autoridade. Diz o Catecismo da Igreja Católica:
Quais são os vínculos da unidade? “Acima de tudo, a caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3, 14). Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada também por laços visíveis de comunhão:
– a profissão duma só fé, recebida dos Apóstolos;
– a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos;
– a sucessão apostólica pelo sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus.
(CIC, 821)
Os membros da Igreja devem apresentar entre si unidade de credo. As verdades reveladas por Deus são aquilo de mais real que os seres humanos podem conhecer. Nesse sentido, nos ensina o Padre Trese:
Por este motivo, consideramos o princípio do “juízo privado” como absolutamente ilógico. Há pessoas que estendem o princípio do juízo privado às questões religiosas. Admitem que Deus nos deu a conhecer certas verdades, mas dizem que cada homem tem de interpretar essas verdades de acordo com o seu critério. Que cada um leia a sua Bíblia, e que chegue a pensar o que a Bíblia significa, esse é o significado para ele. A nossa resposta é que o que Deus disse é para sempre e para todos. Não está em nossas mãos escolher e acomodar a revelação de Deus às nossas preferências ou às nossas conveniências.
Esta teoria do “juízo privado” levou, naturalmente, a dar um passo mais: a negar toda verdade absoluta. Hoje, muita gente pretende que a verdade e a bondade são termos relativos. Uma coisa será verdadeira enquanto a maioria dos homens pensar que é útil, enquanto parecer que essa coisa “funciona” Se crer em Deus ajuda você, então creia em Deus; mas, se você pensa que essa crença dificulta a marcha do progresso, deve estar disposto a afastá-la. E o mesmo ocorre com a bondade. Uma coisa ou uma ação é boa se contribui para o bem-estar e a felicidade do homem. Mas se a castidade, por exemplo, parece que refreia o avanço de um mundo que está sempre evoluindo, então a castidade deixa de ser boa.
Em resumo, bom ou verdadeiro é apenas o que, aqui e agora, é útil para a comunidade, para o homem como elemento construtivo da sociedade, e é bom ou verdadeiro somente enquanto continua a ser útil. Esta filosofia tem o nome de pragmatismo. É muito difícil dialogar com um pragmático sobre a verdade, porque minou o terreno que você pisa começando por negar a existência de qualquer verdade real e absoluta. Tudo o que um homem de fé pode fazer por ele é rezar e demonstrar-lhe com uma vida cristã autêntica que o cristianismo “funciona”.
(TRESE, 1999, p.146)
Não importa o lugar que estejamos no mundo, a nossa fé é a mesma, o nosso culto é o mesmo e estamos todos unidos sob a mesma autoridade:
Essa enorme multidão de homens dispersos em todas as direções é uma e uma, em virtude das mesmas razões que São Paulo alegava aos Efésios para provas que há “um só Senhor, uma só fé, um só Batismo” (Ef 4,5). Nela há também um só que dirige e governa. Invisivelmente, é Cristo a quem o Eterno Pai constituiu “cabeça de toda a Igreja, que é Seu corpo” (Ef 1, 22-23); visivelmente, porém é aquele que ocupa a cátedra de Roma, como legítimo sucessor de São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos.
(Catech. Romanus X, 6, 11, II)
Santa
Santidade é a segunda marca da Igreja, conforme nos ensina São Pedro: “Vós sois agora uma raça eleita, um povo santo” (1Pd 2,9).
Chamamos a Igreja de santa, por ser consagrada e dedicada a Deus. Diz São Pio X:
Chamo a verdadeira Igreja de Santa porque Jesus Cristo, a sua cabeça invisível, é Santo, santos são muitos dos seus membros, santas são a sua Fé e a sua Lei, santos os seus Sacramentos, e porque fora d’Ela não há nem pode haver verdadeira santidade.
(Catecismo Maior, 158)
Em um primeiro momento, pode parecer-nos estranho chamar a Igreja de Santa, por haver nela muitos pecadores. Mas assim a chamamos, pois são chamados de santos os fiéis que forma chamados a fazer parte do povo de Deus, através do Batismo; porque está unida à sua cabeça, que é o Cristo; e porque é única que possui sob sua custódia os Sagrados Sacramentos.
Católica
O terceiro caráter da Igreja é ser católica, quer dizer, universal. A Igreja não está limitada às fronteiras de um só país, nem a uma só raça determinada, como acontece com outras instituições. Pelo contrário, a Igreja abrange toda a humanidade.
Por isso está escrito: “De todas as tribos e línguas, povos e nações, Vós nos remistes para Deus em Vosso Sangue, e de nós fizestes um Reinos para Deus” (Ap 5, 9-10). Refere-se a Igreja o que Davi dizia; “Pede-Me, e eu te darei os povos em tua herança, e por domínio a redondeza da terra” (Sl 2, 8). Do mesmo sentido são as passagens: “Lembrar-Me-ei de Raab e Babilônia, que Me são afeiçoadas” (Sl 86,4) – “Nela nasceu grande multidão de homens” (Sl 86, 5).
(Catech. Romanus X, IV, 16)
E, ainda, diz o CIC:
A palavra católico significa universal no sentido de “segundo a totalidade” ou “segundo a integridade”. A Igreja é católica num duplo sentido:
É católica porque Cristo está presente nela: “onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica” (Santo Inácio de Antioquia, Smym. 8, 2)). Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça (AG 6), o que implica que ela receba d’Ele a “plenitude dos meios de salvação” que Ele quis: confissão de fé reta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e sê-lo-á sempre até ao dia da Parusia.
É católica, porque Cristo a enviou em missão à universalidade do gênero humano:
“Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus. Por isso, permanecendo uno e único, este povo está destinado a estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou a natureza humana na unidade e decidiu enfim reunir na unidade os seus filhos dispersos […]. Este carácter de universalidade que adorna o povo de Deus é dom do próprio Senhor. Graças a tal dom, a Igreja Católica tende a recapitular, eficaz e perpetuamente, a humanidade inteira, com todos os bens que ela contém, sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito (LG 13)”.
(CIC, 830-831)
Apostólica
A verdade ensinada pela Igreja também pode ser conhecida pela sua origem, que remonta até aos Apóstolos.
A doutrina da Igreja não é recente, não é uma novidade, mas é mesma e única ensinada pelos Apóstolos; aquela que por eles foi pregada, espalhando-se pela terra.
Diz o CIC:
A Igreja é apostólica, porque está fundada sobre os Apóstolos. E isso em três sentidos:
– foi e continua a ser construída sobre o “alicerce dos Apóstolos” (Ef 2, 20; At 21, 14)), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;
– guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina , o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos;
– continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o colégio dos bispos, «assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja (AG 5).
(CIC, 857)
Em verdade, o Espírito Santo que preside a Igreja, só a governa por ministros que sejam de sucessão apostólica. Este Espírito foi dado primeiros aos Apóstolos, mas depois permaneceu sempre na Igreja graças à infinita bondade de Deus (cf. Catech Romanus X, V, 17).
Outras Características da Igreja
Chamamos a Igreja também de Romana, pois as quatros marcas da unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade são encontradas somente na Igreja que tem por chefe o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro (cf. Catecismo Maior, 161).
A Igreja é infalível no ensino da fé e da moral, pois é guiada pelo Espírito Santo.
Por fim, a Igreja é indefectível; isto é: a Igreja não pode ser destruída nem perecer, apesar das muitas perseguições. A Igreja permanecerá até o fim dos tempos, porque Jesus estará com ela até ao fim do mundo, como Ele mesmo prometeu.
Referências
- Catecismo da Igreja Católica;
- Catecismo Maior de São Pio X;
- Catecismo Romano;
TRESE; Leo John. A fé explicada / Leo J. Trese; tradução de Isabel Perez. – 7ª ed. – São Paulo: Quadrante, 1999.