Por que não comemos carne como penitência?

Por que não comemos carne como penitência?

Cristo nos ensinou que nunca chegaríamos ao Céu se não nos penitenciarmos. Para garantir que faremos penitências, a Igreja impõe sobre nós a abstinência de carne, além do jejum, em determinadas ocasiões. Mas sendo a abstinência um tipo de penitência, não a entenderemos se não soubermos o que é e para que serve uma penitência. Vejamos primeiro a penitência e depois a abstinência de carne em específico.

Com respeito à moralidade dos nossos atos, eles sao de três natureza:

a) Há atos que DEVEMOS fazer, que são as coisas morais (p. ex. honrar os pais, adorar a Deus, etc.).

b) Há atos que NÃO DEVEMOS fazer, que são as coisas imorais (p. ex. mentir, furtar, etc.).

c) E há atos que em si mesmos não são nem morais nem imorais. Não somos obrigados nem a fazê-los nem a não fazê-los, que são as coisas amorais (p. ex.tomar sorvete, viajar, etc.).

Quando o ato AMORAL é prazeroso e abrimos mão dele por amor a Deus, então estamos fazendo penitência. Se a penitência é imposta pela Igreja ou por uma promessa que fizemos a Deus, somos obrigados a cumpri-la.

Mas qual a finalidade disso?

São duas:

a) Compensar os pecados que cometemos: nossos pecados, especialmente os mortais, são atos de extrema ingratidão para com Deus. Sendo o pecado um ato extremo de ingratidão, mesmo após a confissão, é justo que busquemos algo para compensar o mal que fizemos. Ao pecarmos, trocamos Deus pelos prazeres deste mundo. Então é justo que, para compensar o mal que fizemos, troquemos os prazeres deste mundo por Ele.

b) Conseguir o controle sobre nós: após o pecado, estamos numa situação em que os nossos instintos nos puxam em direção oposta ao que a razão nos mostra como bom. Queremos fazer o bem, mas nossos instintos nos puxam para o pecado. E a melhor forma de combater os vícios que se originam no corpo (gula, luxúria e preguiça) é através de punições infligidas contra ele. Quem vive dado aos prazeres, nunca conseguirá controlar seus instintos e jamais conseguirá manter uma vida de oração frutífera por muito tempo.

Mas resta uma pergunta, por que não comer carne?

Por duas razões: é um alimento altamente saboroso e dá muita energia para o corpo.

E isso nos é claro. Quase todos os alimentos de que mais gostamos têm carne em sua receita: coxinha, lasanha, pizza, hambúrguer, churrasco (!!!), etc. Então, ao exigir que nos abstenhamos de carne, a Igreja nos limita a uma refeição menos saborosa e menos calórica, gerando um sacrifício em nós e proporcionando aqueles dois frutos que mencionamos acima: a reparação pelos pecados que cometemos e o domínio sobre nosso corpo.

Entendendo o sentido da penitência, podemos cumpri-la com mais proveito para nossa alma e nos livrarmos de um mero cumprimento vazio ou de um relaxamento na observância da Lei.

Post Scriptum:

1. A Igreja impõe essa obrigação apenas aos maiores de 14 anos e nestas três ocasiões: Quarta de Cinzas, Sexta Santa e demais sextas do ano (exceto em dias de solenidade). Nas demais sextas, que não sejam a Sexta Santa, a Conferência Episcopal do Brasil (CNBB), conforme permite o Código de Direito Canônico, autoriza que os fieis troquem a abstinência de carne por alguma obra de devoção ou ato de misericórdia com o próximo. Todos aqueles que se enquadram nos requisitos definidos no Código de Direito Canônico são obrigados a cumprir.

2. Na Quarta de Cinzas e na Sexta Santa, além da abstinência de carne, todos os maiores de 18 anos e menores e 59 estão obrigados a não comerem nada além de uma refeição completa e dois pequenos lanches que juntos não deem a quantidade da refeição completa ( é o que se chama mais propriamente de jejum).

3. Existem pessoas que estão liberadas da obrigação por determinadas necessidades. Para saber quais são os motivos que desobrigam o cumprimento da penitência, deve-se consultar o Código de Direito Canônico.

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