Muitas vezes tudo ao nosso redor parar estar ruindo, dando-nos a sensação de que não há saída, não há esperança. As derrotas que a vida nos traz nos esmagam. Porém, situações como essa são oportunidades Divinas para podermos nos entregar à Providência.
O Padre Jean Pierre de Caussade, em seu livro “Abandono à Divina Providência”, nos ensina que a verdadeira confiança na Providência surge do fiel ordenamento das nossas vidas a Deus, esse ordenamento deve acontecer em todos os aspectos dela: espiritual, sentimental, psicológico, profissional, etc.
Realizar tal ato de confiança é um martírio para nós modernos, visto que vivemos na era que vê o homem como o senhor do mundo e regente de toda a sua vida. E vai aí uma verdade: nós não temos o poder de controlar todo o aquilo que diz respeito às nossas vidas. Na verdade, temos o controle de muito pouco.
Mesmo sabendo que não temos o controle de nossas vidas, é salutar lembrar que não podemos cair no erro do extremo oposto, que é o que podemos chamar de “quietismo” (combatido pelo Pe. Caussade no capítulo VIII do livro primeiro de sua obra), as pessoas que caem no erro do quietismo ficam esperando que as soluções para os problemas caiam do céu.
Pois bem, como diria Aristóteles: Virtus in médio, o que, no caso em questão é verdade. O verdadeiro abandonar-se à Providência consiste em saber qual é parte de Deus e qual a do homem. Santo Inácio de Loyola responde bem a essa questão na sua célebre frase: “Trabalha como se tudo dependesse de ti e reza como se tudo dependesse de Deus”.
Outro exemplo dessa conciliação entre a Vontade de Deus e nossos deveres, encontramos no capítulo VIII do livro primeiro da obra do Pe. Caussade. No capítulo em questão, o padre nos ensina que abandonar-se à Providência significa cumprir os deveres pertinentes aos nossos estados de vida com devoção e amor. Ademais, ele nos lembra que devemos sempre desconfiar daqueles ímpetos que parecem vir de Deus, mas que nos afastam do cumprimento das nossas obrigações.
O abandono à Providência exige também uma fé firme, isso nos ensina o Pe. Caussade no capítulo III de sua obra, nele somos levados a refletir de como a santidade seria mais fácil se soubéssemos seguir a Vontade de Deus em nossas vidas. Grande exemplo disso, além de todos os santos, é Jó, que mostrou firmeza heroica na fé e não a abandonou, apesar de todas as dificuldades. “Ainda quando o Senhor me matasse, esperaria ainda Nele” (Jó 13,15).
Por último, mas não menos importante, o verdadeiro abandono nos exige oração e, como vemos no capítulo XI da obra já citada, as nossas práticas devocionais e nossa vida de oração, toda a nossa vida espiritual, deve estar sob a Vontade de Deus. Se isso não acontece, de nada elas adiantam.
Sim, as coisas podem estar difíceis, a luz do fim do túnel pode estar longe, ou túnel pode não ter fim, não importa qual seja a nossa situação; a nossa dor; as nossas angústias, todas essas coisas não passam de poeira perto do plano de Deus para as nossas vidas: amá-Lo e um dia vê-Lo face a face na visão beatífica. Como diria, o Padre Paulo Ricardo, usemos todos esses nossos problemas como combustível para ser queimado pelo Espírito Santo no altar dos nossos corações.
Salve Maria
Fontes:
- Sementes do Verbo
- “O Abandono à Providência Divina”. Padre Jean-Pierre Caussade.