O ser humano tem a comum descendência de Adão e Eva, os primeiros pais de toda a humanidade. Isso é um ensinamento claro e indiscutível das Sagradas Escrituras.
Se as Sagradas Escrituras estabelecem de maneira tão clara esse ensinamento, principalmente no livro do Gênesis, qual seria a posição católica em relação à teoria da evolução, principalmente em sua acepção mais difundida; isto é: de que o homem teria evoluído de uma espécie inferior, parecida com um macaco?
Para responder a essa pergunta, precisamos antes entender os conceitos de evolução. Existem dois conceitos de evolução: testosteron enantat kaufen deutschland a inorgânica e a orgânica.
A evolução inorgânica ensina que o mundo material, todo o universo, evoluiu gradual e lentamente, durante bilhões de anos, partindo de uma massa de átomos até chegar na forma como conhecemos hoje. Se Deus optou por esse processo criativo, estabelecendo leis que regessem a própria criação, de modo que ela evoluísse gradualmente ao longo dos anos, ele ainda continua sendo Criador de tudo.
Lemos nos ensinamentos do A Fé Explicada, do Padre Leo Trese:
Por outro lado, um desenvolvimento gradual do seu plano, realizado por meio de causas segundas, refletiria melhor o seu poder criador do que se o universo que conhecemos tivesse sido feito em um instante. O fabricante que faz seus produtos ensinando supervisores e capatazes, mostra melhor seus talentos do que o patrão que tem que intervir pessoalmente em cada passo do processo.
(TRESE; 1999; p.45)
Se aplicarmos essa mesma explicação à matéria viva, aos seres vivos, teremos a evolução orgânica. Porém, na contramão àquilo que observamos na evolução inorgânica, os pressupostos tomados na evolução orgânica possuem muitas lacunas de difícil preenchimento. Por conta do ensino pobre e enviesado que temos em nossas escolas, somos levados a acreditar que a teoria da evolução é uma matéria fechada e ordenada, mas não é. Esquemas como aquele que representa a transição do macaco ao ser humano, hoje, já são ultrapassados e desqualificados. Há muita coisa passível de discussão e por se descobrir. A consulta há bons livros nos mostrará que há muito mais a ser visto sobre a teoria da evolução do que aquilo que é comumente apresentado a nós.
De qualquer maneira, as descobertas de teor científico acerca de possíveis ancestrais dos humanos não são de interesse absoluto. Quando as observamos sob o aspecto daquilo que diz respeito à fé, elas não têm relevância alguma. Não há impedimento teológico que nos diga ser impossível que Deus tenha moldado o corpo humano através de um processo evolutivo. Deus pode, nas palavras do Padre Trese:
[…] ter dirigido o desenvolvimento de uma espécie determinada de macaco até fazê-la alcançar o ponto de perfeição desejado. Deus então criaria almas espirituais para um macho e uma fêmea dessa espécie, e teríamos o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva. Mas, mesmo assim, seria igualmente certo que Deus criou o homem do barro.
(TRESE; 1999; p.46)
Aquilo que devemos tirar do Gênesis como essencial para nossa fé é: que todos os seres humanos descendem de um único casal original, e que as almas tanto de nosso primeiros pais como as nossas foram criadas por Deus, de maneira direta e imediata. A alma é espírito, portanto não pode nem evoluir da matéria, nem ser herdada de nossos pais. Marido e esposa cooperam para formar o corpo humano no ato sexual, mas alma precisa ser criada e infundida por Deus.
Os cientistas, inclusive os cientistas católicos, continuarão a pesquisar e a encontrar novas evidências sobre a origem biológica da vida. Sabemos que toda a verdade vem de Deus, por isso não pode haver conflito entre um dado científico e um religioso. Por isso, devemos permanecer inabaláveis e imperturbáveis em nossa fé. Não importa o processo que Deus escolheu para criar nosso corpo, o que importa é a alma. É ela que nos movimenta, e ela que nos faz buscar a verdade.
Diz o Papa Pio XII, em sua encíclica Humani generis:
Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus), segundo o estágio atual das ciências humanas e da sagrada teologia, de modo que as razões de uma e outra opinião, isto é, dos que defendem ou impugnam tal doutrina, sejam ponderadas e julgadas com a devida gravidade, moderação e comedimento, contanto que todos estejam dispostos a obedecer ao ditame da Igreja, a quem Cristo conferiu o encargo de interpretar autenticamente as Sagradas Escrituras e de defender os dogmas da fé. Porém, certas pessoas, ultrapassam com temerária audácia essa liberdade de discussão, agindo como se a própria origem do corpo humano a partir de matéria viva preexistente fosse já certa e absolutamente demonstrada pelos indícios até agora achados e pelos raciocínios neles baseados, e como se nada houvesse nas fontes da revelação que exigisse a máxima moderação e cautela nessa matéria.
(HG, 36)
Adão e Eva: nossos ilustres antepassados
Muitas pessoas gastam muito dinheiro e tempo para poder formar, através de institutos de pesquisa especializados, uma árvore genealógica com seus ancestrais. E, caso encontrem nessa árvore um grande rei, um nobre, um santo ou até um Papa, gostam de as gabar disso.
Mas, a bem da verdade, todos nós poderíamos nos gabar de nosso antepassados Adão e Eva. Esses dois, ao serem criados, eram pessoas esplêndidas. Eles não foram criados por Deus como seres humanos comuns, submetidos às Leis da Natureza, tais como a morte ou a decadência corporal.
Os dons concedidos por Deus a Adão e Eva os tornavam imensamente ricos e seres humanos especiais. Eles possuíam os dons preternaturais; isto é, aqueles dons que não são parte essencial da natureza humana, mas que também não estão totalmente fora da capacidade humana de recebê-los e adquiri-los; diferente dos dons sobrenaturais, que estão inteiramente fora do nosso alcance.
Falemos mais um pouco sobre os dons preternaturais e sobrenaturais. Para exemplificarmos a diferença que existe entre esses dois gêneros de dons, pensemos em um cachorro. Se a esse cachorro fosse dado o poder de voar, esse seria um dom preternatural. Haja vista voar não fazer parte da natureza do cachorro, mas há outras criaturas que podem voar. Dessa forma, os dons preternaturais são aqueles que estão fora da normalidade da natureza.
Mas se a esse mesmo cachorro fosse dado o poder de pensar, de formar discursos filosóficos ou de realizar empreitadas artísticas, esse poder seria um dom sobrenatural. Essas atividades não estão somente fora da normalidade da natureza de um cavalo, mas acima dela, Por isso, utilizamos o prefixo “sobre”.
Estes exemplos podem nos ajudar a entender os gêneros de dons que Deus concedeu a Adão e Eva.
Diz São Pio X, em seu Catecismo Maior:
56) Em que estado criou Deus os nossos primeiros pais Adão e Eva?
Deus criou Adão e Eva no estado de inocência e de graça; mas depressa o perderam, pelo pecado.57) Além da inocência e da graça santificante, concedeu Deus ao nossos primeiros pais outros dons?
Além da inocência e da graça santificante, Deus concedeu aos nossos primeiros pais outros dons, que eles deviam transmitir, juntamente com a graça santificante, aos seus descendentes, e eram: a integridade, isto é, a perfeita sujeição dos sentidos à razão; a imortalidade; a imunidade de todas as dores e misérias; e a ciência proporcionada ao seu estado.
Esses dons preternaturais citados por São Pio X são grandiosíssimos. Porém, ainda maior é o dom sobrenatural que Deus concedeu a nossos primeiros pais: a participação na própria vida divina. Deus permitiu que seu amor, o Espírito Santo, emanasse nas almas de Adão e Eva.
A essa nova vida de união com Deus que Adão e Eva possuíam chamamos de graça santificante. Como consequência desse dom, eles não estavam mais fadados a viver uma felicidade pura e simplesmente natural; isto é, um conhecimento superficial de Deus, somente através da nossa natureza, sem poder vê-Lo. Com a graça santificante, Adão e Eva, poderiam, ao fim de sua vida terrena, conhecer a Deus em sua essência, vivendo a vida Dele, vivendo em seu amor.
Diz o Catecismo da Igreja Católica:
Todas as dimensões da vida do homem eram fortalecidas pela irradiação desta graça. Enquanto permanecesse na intimidade divina, o homem não devia nem morrer, nem sofrer. A harmonia interior da pessoa humana, a harmonia entre o homem e a mulher , enfim, a harmonia entre o primeiro casal e toda a criação, constituía o estado dito “de justiça original”.
O “domínio” do mundo, que Deus tinha concedido ao homem desde o princípio, realizava-se, antes de mais, no próprio homem como domínio de si. O homem era integrado e ordenado em todo o seu ser, porque livre da tríplice concupiscência, que o sujeita aos prazeres dos sentidos, à ambição dos bens terrenos e à afirmação de si contra os imperativos da razão.
(CIC, 376 e 377)
Esses eram os nossos antepassados, nossos primeiros pais, Adão e Eva. Foi assim que Deus os fez.
Referências Bibliográficas
- Catecismo da Igreja Católica;
- Catecismo Maior de São Pio X;
- Humani Generis;
- TRESE; Leo John. A fé explicada / Leo J. Trese; tradução de Isabel Perez. – 7ª ed. –
- São Paulo: Quadrante, 1999.