A Encarnação no Pensamento Patrístico
A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: “Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus” (1Jo. 4,2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde o seu começo, quando canta “o grande mistério da piedade”: “Ele foi manifestado na carne” (1 Tim 3,16).
— CIC 463
Santo Inácio de Antioquia
30 – 107 D.C.
Nosso Deus, Jesus Cristo, tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus. [2]
Jesus, da descendência de Davi, filho de Maria, de fato nasceu, comeu e bebeu. [1]
1. Epístola aos Efésios 18
2. Epístola aos Tralianos 9
São Justino, Mártir
100 – 165 D.C.
Fez homem, por meio da Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à desobediência instigada pela serpente fosse também o caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu ela: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’. Da Virgem, portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras (…) aquele por quem Deus destrói a serpente
Diálogo com Trifão 100, 4-5
Santo Ireneu de Lyon
130 – 202 D.C.
No Cristo que nasce de Maria é a humanidade toda que renasce à vida. A solidariedade existente entre Cristo e os homens traz esta conseqüência: a concepção e o nascimento de Jesus já são a redenção por antecipação dos homens.
Contra as Heresias
Tertuliano de Cartago
160 – 225 D.C.
Antes de tudo, será preciso apontar o motivo pelo qual o Filho de Deus devia nascer de uma Virgem: devia nascer de um modo novo o iniciador de um novo nascimento, acerca do qual o Senhor havia dado um sinal anunciado de antemão por Isaías. Qual era este sinal? “A virgem conceberá e dará à luz um filho” (Is 7,14). Concebeu, pois, a Virgem e deu à luz ao Emanuel, que significa “Deus conosco”.
Da carne de Cristo 17, 2
Santo Hipólito de Roma
170 – 236 D.C.
Nós vos damos graças, ó Deus, por vosso Filho dileto Jesus Cristo (…) Vós o enviastes do céu ao ventre da Virgem e, aí, ao ser encerrado, tomou um corpo e revelou-se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem.
Anáfora
Santo Hilário de Poitiers
300 – 368 D.C.
Não era Ele que precisava tornar-se homem, Ele que criou o homem. Nós é que precisávamos de que Deus se fizesse carne e habitasse em nós, isto é, precisávamos de que Ele, tomando uma carne individual, habitasse o interior de toda carne. Seu rebaixamento é nossa nobreza; suas ignomínias são nossa glória. Visto que Ele é Deus na carne, nós, de carne que somos, somos renovados pela Divindade.
Da Trindade 2, 25
Santo Atanásio
296 – 373 D.C.
Se Ele (Jesus) houvesse querido somente ser aparente, teria podido assumir um corpo mais excelente. Mas, na realidade, tomou um corpo como o nosso, mesmo que de uma maneira não usual e corrente, pois o seu corpo é um corpo puro e não fruto de uma união marital. Ele assumiu (nossa humanidade) de uma Virgem inviolada, pura e que não conheceu varão. Com efeito, sendo Ele poderoso e criador de todas as coisas, edificou para si, na Virgem, um templo, ou seja, seu próprio corpo.
Da Encarnação do Verbo 8