O Sinal da Cruz na Igreja Primitiva
“Pela sua santíssima Paixão no madeiro da cruz, mereceu-nos a justificação”, ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como “princípio de salvação eterno” (Hb. 5, 9). E a Igreja venera a Cruz cantando: “O crux, ave, spes única – Salve, ó Cruz, única esperança”
— CIC 617
Tertuliano de Cartago
160 – 225 D.C.
Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz
De Corona Militis, 3
Santo Hipólito de Roma
170 – 236 D.C.
Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra ele se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para condenar
Tradição Apostólica, 42
Eusébio de Cesareia
265 – 339 D.C.
Constantino cantou estas e outras palavras semelhantes e afins, através de suas ações, a Deus, chefe supremo e autor da vitória, ao entrar com hinos de triunfo em Roma […] Sustentando na mão direita o sinal salvífico da cruz, ergueu-a no lugar mais freqüentado pelos romanos. Mandou gravar em latim uma inscrição nesses termos: “Por intermédio deste sinal salutar, verdadeira prova de denodo, livrei e salvei vossa cidade do jugo do tirano; e ainda restabeleci o Senado e o povo romano em sua antiga dignidade e esplendor, após a libertação”.
História Eclesiástica 9, 9-11
Santo Atanásio
296 – 373 D.C.
Aproxime-se quem desejar prova de nossas afirmações e diante das fantasias demoníacas, das ilusões dos oráculos, dos portentos mágicos, faça uso desse sinal tão escarnecido entre eles, o sinal da cruz e apenas profira o nome de Cristo. Verá os demônios fugirem, calarem-se os oráculos, perecerem magia e feitiçaria.
A Encarnação do Verbo 48, 3
Santo Efrém da Síria
306 – 373 D.C.
Com o sinal da cruz viva, sela todas as tuas obras, meu filho. Não saiais da porta da tua casa até que tenhas feito o sinal da cruz. Seja ao comer ou beber, seja em sono ou em vigília, se em tua casa ou na estrada, ou nas horas livres, não abandone este sinal; pois não há guardião como ele. Será a ti, como uma parede, na vanguarda de todas as tuas obras. E ensinai isso para os teus filhos, que atentamente eles se familiarizem com ele.
Sobre a Admoestação e o Arrependimento, 17
São Cirilo de Jerusalém
313 – 386 D.C.
Não vamos, portanto, ter vergonha da cruz de Cristo; mas ao invés de escondê-lo, faze abertamente selá-o sobre a tua testa, para que os demônios possam contemplar o sinal real e fugir tremendo para longe. Faça então este sinal no comer e no beber, no sentar, e ao deitar-se, ao levantar, ao falar, ao caminhar: em uma palavra, em cada ato. Para Ele que foi crucificado aqui está em cima no céu.
Leituras Catequéticas 4, 14
São Basílio Magno
330 – 379 D.C.
Ninguém que tiver, por pouco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas. Por exemplo (para relembrar o que vem primeiro e é o mais comum), quem ensinou por escrito a assinalar com o sinal-da-cruz aqueles que esperam em nosso Senhor Jesus Cristo?
Tratado Sobre o Espírito Santo 27, 66