Num tempo em que o sexo é visto e estimulado como meio de entretenimento tal qual o nosso, cresce em proporções medonhas a quantidade de pessoas com desordens sexuais e, conquanto de costume a luxúria seja um vício majoritariamente masculino, tal vício também tem afetado consideravelmente as mulheres.
E o meio católico não escapou dessa trágica realidade, uma vez que inúmeros convertidos recentes são oriundos de uma vida dada à carne. E hoje, já católicos, carregam as consequências disso em forma de vícios que lhes tiram a paz como pornografia, masturbação, fornicação, e até a sodomia.
Desesperados, buscam entre amigos e em sites métodos para conseguir superar a desordem. E de cara encontram uma lista de coisas a se fazer como: livrar-se de material pornográfico adquirido, praticar um esporte, fazer academia, manter a mente ocupada, etc.; e até mesmo práticas ascéticas piedosas, como jejum e penitências.
Só um tolo negaria a grande utilidade dessas coisas para o combate ao vício, mas o católico desinformado pode cair no erro pelagiano em meio a essa luta árdua e confusa.
Há muito tempo, a doutrina condenou, sob o nome de pelagianismo, a heresia de que é possível nos convertermos e largarmos o pecado pelo nosso próprio esforço, não havendo necessidade da intervenção da graça – além de que Cristo não morreu para nos dar a graça, mas para nos ensinar com o exemplo de que devemos nos sacrificar.
Eis o erro do católico: somado à falta de conhecimento na fé, o fato de a graça ser uma realidade imperceptível aos sentidos ele tende a esquecer-se dela ou dar-lhe uma importância secundária, ao passo que se apega aos hábitos acima citados na esperança de que seu esforço meramente humano lhe trará a conversão.
Quando Nosso Senhor diz que “sem mim, nada podeis fazer”, é porque sabe a situação da miséria e impotência na qual estamos. Portanto, a principal prática a ser buscada para se livrar dos vícios sexuais, e de qualquer outro, é o gesto de se pôr diante de Deus humilhando-se, reconhecendo-se indigno da misericórdia d’Ele, odiando com todas as forças todos os pecados mortais que se cometeu e suplicando pelos seus méritos na Cruz que Ele lhe dê a graça de que precisa para vencer o vício. E devemos buscá-la, a graça, em três coisas: oração, sacramentos (comunhão e confissão) e assistência da Santa Missa. Não havendo possibilidade de acesso à Missa, dar-se ao menos à recepção dos sacramentos e da prática da oração, ou ainda pelo menos a esta, em faltando a possibilidade dos sacramentos.
À medida em que o pecador vai conseguindo superá-lo e começa a se gabar, como se tal progresso se devesse à força própria, Deus tende a retirar dele o sustento de sua graça, para que caia e reconheça o nada que ele é.
A humildade vence todos os vícios e “Deus resiste aos soberbos”.
Saibamos que não há virtude sem a graça e não há santidade que brote de nós. Não somos nós que somos santos; é Cristo que vem se fazer santo em nossa alma.
Que a verdade seja dita, caro amigo!