O Evangelho que se Atualiza em Lourdes

“Há um grito de angústia”. Não tenho como não ficar impressionado com isso. Por vezes, lendo as páginas dos Santos Evangelhos, com aquele modo tão sintético que é próprio dos evangelistas, não conseguimos nos dar conta de tudo o que se passava nos fatos narrados.

Tenhamos sempre em mente que os evangelistas, enquanto escreviam seus relatos,tomavam por pressuposto o conhecimento mais ou menos certo de que tinham as pessoas acerca das circunstâncias da época. É por isso que certos elementos passam despercebidos ao leitor de ouros tempos.

Veja, por exemplo, o caso emblemático de uma disputa do Senhor Jesus Cristo com os fariseus. Estes costumam ser conhecidos entre nós pela hipocrisia. Embora eu tenha motivos suficientes para concluir que a maior parte das pessoas não medita a fundo o significado dessa hipocrisia (com efeito, interpretam segundo o conceito atual de hipocrisia, conceito este degenerado por dois mil longos anos de uso corriqueiro do termo), chamar alguém de fariseu é o mesmo que chamá-lo de hipócrita. Nesse caso específico que quero relatar, falaremos de um aspecto ao qual se dá atenção pouca atenção acerca de tais homens, que é a avareza.

No capítulo 16 do Evangelho de S. Lucas, Nosso Senhor Jesus Cristo conta a parábola do administrador infiel. Arremata o Senhor o seu ensinamento com uma das sentenças mais conhecidas dos Santos Evangelhos:

Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

(Lc 16, 13)

Logo após, em um curtíssimo versículo, S. Lucas faz notar que os fariseus começaram a zombar de Jesus Cristo. O evangelista explica que o motivo de tal acinte era a avareza daqueles homens.

Para o homem da época, familiarizado com os fariseus e os saduceus, a avareza característica desses homens era algo evidente, a qual não necessitava de maiores explicações. Evidentemente, não se tratava de uma avareza auto-declarada; existia todo um sistema de interpretação dos Escritos Sagrados que atribuíam ao pecado certos males temporais como a pobreza e a doença. É bem por isso que os fariseus disseram àquele cego de nascença que os afrontou no infame inquérito a que foi submetido:

Tu que nasceste todo em pecado queres nos ensinar a nós?

(Jo 9, 34)

Para que isso seja bem entendido, é necessário ter em conta aquilo que J. Perez de Urbel fala sobre Anás, partidário dos saduceus que fora sumo sacerdote e que permanecia exercendo sua influência política despótica por meio de seu genro Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano: 

É um artista da política , perito na difícil arte de navegar em mares agitados por correntes contrárias, bem visto em casa do procurador, favorecido pelos cortesãos de Roma e respeitado pelos compatriotas, que admiravam sua fortuna e seu poder, que admiravam seus negócios e suas lojas fora de Jerusalém e nos arredores do Templo, e que, embora criticassem seu despotismo e os seus processos pouco escrupulosos, desfaziam-se em vênias com um servilismo de escravos.

Embora seja perfeitamente possível compreender a mensagem que Jesus Cristo transmitiu por meio da parábola do administrador infiel sem ter conhecimento de todo esse contexto, uma vez que qualquer advertência contra a avareza é cabível para os homens de todas as épocas e lugares, é preciso admitir que uma noção mais completa de todos esses elementos aperfeiçoa formidavelmente o entendimento.

Além disso, devemos ter em conta que os evangelistas não intencionavam escrever uma biografia da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao menos segundo o que me parece. Podemos perceber muitas vezes que não parece haver uma unidade cronológica e narrativa entre os relatos; eles parecem ser dispostos como que fragmentos que compõem um mosaico. Quero dizer com isso que à luz de todo o resto, os fragmentos fazem sentido, mas isoladamente podem causar perplexidade. Isso é percebido até mesmo no Evangelho de S. Lucas, conhecido como o mais criterioso dos evangelistas.

Ao douto que não compartilha de minha concepção (e devo dizer desde já que estou pronto para abrir mão dessa idéia, pois meu nível de erudição nessa matéria não é dos melhores), peço apenas um esforço para entender com condescendência esse ponto de vista que eu apresento. 

Por que estou dizendo isso? Para comprovar a tese inicial de que os evangelistas tomavam por pressuposto certos elementos que hoje são estranhos para a maioria dos leitores, e que também pouco se importaram com requintes literários. Fosse de outro modo, a cada relato fariam caso de descrever o local, uma ou outra conjuntura e tudo o mais que é típico dos escritores.

Em que resulta toda a síntese dos Evangelistas e os pressupostos por eles tomados? Na necessidade de esforços, alguns consideráveis, outros nem tanto, para bem compreender os relatos evangélicos. Como tal compreensão só pode ser alcançada por meio da meditação e dos estudos, venho aqui contribuir com você, meu caro leitor, nessa empresa.

Antes de prosseguirmos, preciso esclarecer um ponto para não ser mal compreendido: Limito-me a descrever uma realidade em relação aos Evangelhos e seus leitores, sem tecer qualquer juízo de valor em relação aos evangelistas. Eu seria louco se acreditasse que os evangelistas falharam, pois tenho a firme convicção que cada palavra escrita pelos autores dos livros canônicos foram inspiradas pelo Espírito Santo.

Para mim, tenho por certo que até mesmo essas dificuldades que devem ser superadas fazem parte do propósito de Deus, pois é um meio sabiamente disposto pela Divina Sabedoria para que nos aplicássemos diligentemente ao estudo e à meditação, sempre confiando na autoridade da Igreja como intérprete infalível dos Escritos Sagrados.

Um desses não tão consideráveis esforços que percebo que poucos fazem ao meditar os relatos evangélicos é o de formar uma boa composição dos fatos. Esse assunto tem para mimtanta importância que pretendo em breve falar sobre ele na minha página do Instagram.

S. Francisco de Sales nos ensina na Introdução à Vida Devota que a meditação, de modo geral, contém quatro elementos: a composição, as considerações, os afetos e as resoluções.

A composição é uma atividade da imaginação, pela qual reproduzimos os fatos narrados como que em um curta-metragem imaginário. O autor quer com isso nos mostrar a aplicação mais útil que podemos dar a imaginação, essa “louca da casa” que no mais das vezes é o maior empecilho para uma boa meditação.

De modo geral, todos nós fazemos composições imaginárias quando ouvimos ou lemos um relato. No entanto, se olharmos nossa imaginação com diligência, veremos que ela pode e deve ser exercitada para que tais representações sejam cada vez mais ricas em detalhes. A imaginação em seu estado subdesenvolvido contempla os objetos a ela apresentados como que dispostos em um palco de teatro escuro. Do teto vem uma luz que ilumina somente aquele objetoenquanto todo o resto permanece no breu; é aquela cadeira iluminada no meio do palco, esperando para que um dos atores nela sente e inicie seu monólogo. Tudo o mais está invisível na escuridão.

Uma imaginação exercitada não irá contemplar somente a cadeira central que está iluminada, mas todo o cenário, tanto quanto lhe for possível; ela funciona como olhos atentos e capazes de enxergar através do breu das imagens que foram desprezadas no relato (imagens que, no caso dos Evangelhos, são desprezadas por serem subentendidas).

É por isso que costumo dizer a quem me pergunta como se deve fazer uma meditação que tente imaginar com a maior riqueza de detalhes os fatos narrados. Quando fazemos isso, naturalmente o nosso entendimento passa a considerar outros elementos que até então se passavam despercebidos. Isso aumenta a posse que temos da realidade.

Como um simples exercício, sugiro que você faça uma meditação sobre o terceiro mistério gozoso, que é o nascimento de Cristo. Sei que a sua tendência, como a da maioria das pessoas, é a de imaginar a Sagrada Família já na lapa, contemplando o Divino Menino na manjedoura. No entanto, tente dessa vez começar pela estrada que inicia em Nazaré e termina em Belém.

Imagine uma jovem moça que não deve ter mais do que quinze anos, a Virgem Santíssima, montada em um jumentinho, com uma barriga de quase 52 semanas. O jumentinho está carregado com as provisões para a viagem, e ao lado deles vai São José, tendo em suas mãos a corta com que está laçada a besta. De tempos em tempos eles param para um breve descanso, um pouco de água, um momento de oração em família, e então seguem viagem. O frio lhes aflige, como é natural naquela época do ano, e tudo isso eles suportam para registrarem o nome de José e suas posses no censo para que o império pudesse cobrar impostos sobre seus bens. É de fato aquilo que hoje chamamos imposto de renda, feito segundo as condições da época. Nada mais ordinário, nada mais concreto: Ali está a santidade que se oculta no labor aparentemente estéril do cotidiano.

Sugiro que você faça todo o trajeto até a estalagem onde foram recusados como hóspedes, motivo pelo qual tiveram de se abrigar em uma gruta destinada aos animais. Componha; sem pressa componha todo o filme em sua imaginação, e deixe estar até que alguma consideração surja, pois o intelecto não se mantém inerte diante de tais representações. Também por esse labor, creia firmemente que o Espírito Santo exerce sua ação divina, iluminando o mesmo intelecto para uma compreensão mais profunda dos mistérios da Fé.

Se você adotar esse hábito, experimentará um aumento significativo na qualidade de sua oração.

Eu julguei necessário explicar todas essas coisas para que você entenda o que fiz parameditar esse milagre de Lourdes relatado pelo Monsenhor Bianchini, saindo da mera impressão inicial que comove o coração e fortalece a Fé para uma consideração ainda mais profunda, capaz de gerar um afeto muito mais duradouro no coração. Ao final, espero que você possa compreender porque intitulei esse artigo como o Evangelho que se atualiza em Lourdes.

“Há um grito de angústia”. Somos capazes de ver, conduzidos que fomos por Monsenhor Bianchini, todas aquelas pessoas aglomeradas, esperando receber do Divino Salvador o milagre que tanto esperam. O Cardeal passa com o Santíssimo, que é o próprio Cristo que está presente na Hóstia Consagrada dentro do ostensório. Enquanto passa, toda aquela multidão clama por milagres: gritam, choram, prostram-se por terra, imploram ao Deus de suas vidas para que lhes ajudem ou para que se compadeça daquela pessoa querida que está em necessidade. Acontecem então muitos milagres: os cegos voltam a ver, os coxos voltam a andar, os mudos voltam a falar, os enfermos de todas as doenças são curados, os possuídos por espíritos malignos são libertos, e aos pobres é anunciado o Reinado de Deus.

Ao realizar toda essa composição, de pronto passo a considerar outra cena que me é mais familiar do que esta. 

Jesus Cristo, depois de voltar do território dos gerasenos (no qual havia expulsadouma legião de demônios de um pobre homem, enviando aqueles espíritos malignos aos porcos), foi recebido por uma grande multidão que o esperava.

Componha esse momento: Uma multidão está à espera de Jesus. São pessoas as mais diversas, a maioria delas pobre e sofredora, que deixam todos os seus afazeres para esperar o regresso do grande Profeta que Deus levantou do meio do povo. Muito ouvem falar d’Ele, dos sinais que opera, de seus ensinamentos; ali estão em busca de milagres e respostas. 

Considerando a renda per capta do mundo antes da fundação do Banco Nacional da Inglaterra e da primeira revolução industrial, podemos imaginar aqueles pobres não como as pessoas humildes de hoje em dia, que por mais simples que sejam conseguem levar consigo um sanduíche e uma garrafa de água para uma espera tão grande. Longe disso! Esses pobres ficariam ali padecendo o desconforto da fome, da sede e das intempéries até que chegasse aquele que tinham por Profeta vindo da parte de Deus. 

Outro detalhe importante é que também nessa época não havia chuveiros, água encanada e energia elétrica; tomar um banho não era um ato tão corriqueiro como estamos acostumados. Desodorantes, perfumes e roupas sempre limpas e alisadas? Isso era luxo de poucos, e é necessário dizer que um assalariado de hoje no Brasil tem mais conforto em seu pequeno apartamento do que o imperador de Roma tinha em toda a sua glória. 

Se eu descrever cada detalhe que me vem à imaginação quando faço essa composição, todo o artigo se resumiria a isso. Evidentemente, não para isso que me ponho a escrever. Peço então para que você aplique aqui o mesmo esforço que fez para imaginar o trajeto da Sagrada Família à gruta de Belém, para assim vislumbrar de modo mais rico os fatos narrados nessa passagem dos Evangelhos.

Jesus chega, e as pessoas exultam. Você consegue ouvir os clamores? Muitos gritam angustiados, imploram por um pouco de atenção da parte do Profeta, choram de tal modo que comove o coração; são doentes, pobres, injustiçados, maltratados pela vida, colocados sob fardos pesados pelas próprias pessoas às quais havia sido confiado o Reinado de Deus.  No ímpeto do tudo ou nada, pois talvez nunca mais vissem o Profeta, lançam-se sobre Ele: Querem tocar-lhe, suplicar de perto; não aceitam a idéia de sair dali sem uma bênção.

Um homem notório se aproxima do Senhor: É Jairo, o chefe da sinagoga. Não foi, no entanto, valendo-se de sua autoridade em meio ao povo, mas como uma alma reduzida ao pó pela sua impotência diante da morte e da perda. Sua filha única, de doze anos de idade, estava muito doente e prestes a morrer. Lançou-se aos pés de Cristo, humilhou-se diante de todos, e posso imaginar que entre lágrimas é que suplicou que Jesus fosse à sua casa para restaurar a saúde da pobre criança.

O final dessa belíssima história nós conhecemos: Cristo vai à casa de Jairo, toma a menina já morta pelas mãos e a ressuscita, manifestando sua Glória para os três discípulos de sua maior estima: Pedro, João e Tiago.

Espero que nesse ponto você já tenha percebido, meu caro irmão, como a Vida de Cristo é um símbolo do tempo da Igreja: O mesmo Cristo que andava pela Terra Santa andou naquele momento em Lourdes, abençoando, curando, libertando. Veja que a reação do povo subjugado por Satanás permanece sendo a mesma: O clamor, a angústia, os gemidos, o fervor.

Pintada a cena, devo trazer à reflexão outra passagem emblemática, que para mim é a que mais fielmente retrata a história do pobre menino de Lourdes.

Certa vez Jesus se aproximava de Jericó, e como sempre foi recebido pela multidão com aquele fervor que agora podemos contemplar de modo mais rico. O ruído era grande; era impossível passar sem perceber o que acontecia. É certo que a cidade havia parado para contemplar aquele espetáculo.

Um cego estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas e começou a ouvir o enorme ruído das súplicas e dos prantos. Penso que naquele momento seu coração ficou como que em chamas. Será que é Ele? – deve ter perguntando a si mesmo. Levantou-se e começou a perguntar de um modo ansioso qual era o motivo de tamanho alvoroço, ao que lhe responderam que era Jesus de Nazaré que estava passando por ali. É de se imaginar que a adrenalina tenha tomado conta do seu corpo. Havia meditado, refletido, sonhado com aquele dia. Não podia deixar essa oportunidade passar de jeito nenhum! Tinha de alcançar o Profeta de Nazaré para lhe suplicar pela cura, custe o que custar! Passou a andar rapidamente, e guiando-se pelo ruído da multidão, começou a berrar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”.

Jesus, no entanto, continuou seu caminho como que ignorando totalmente aquele infeliz.

Entendo a conjectura que podem fazer alguns de que Jesus, sendo Deus, era também homem, e estava por isso sujeito às limitações naturais de um ser humano. Com isso querem dizer que Jesus não ignorou aquele pobre cego, mas que simplesmente não tinha tido condições de prestar atenção nele. Por bem arrazoada que seja essa opinião, penso que Nosso Senhor Jesus Cristo tinha por costume testar a Fé das pessoas, ver até onde elas eram capazes de ir para alcançar o Reinado de Deus. Isso fica muito claro na passagem da samaritana, a qual recebe uma das respostas mais duras que Cristo já deu a alguém, não somente pelo conteúdo das palavras,mas pelo fato de que ela não estava ali para pô-lo a prova tal como os fariseus: estava suplicando por uma bênção, isto é, reconhecendo que Ele vinha da parte de Deus.

Tenho por certo que Nosso Senhor Jesus Cristo ouviu sim os clamores do cego de Jericó; se não os ouviu com os ouvidos da carne, ouviu-os com os ouvidos da alma. Mas mesmo assim, ignorou o pobre miserável, prosseguindo em seu caminho.

O cego de Jericó poderia ter feito a mesma escolha que muitos dos outros cegos de nosso tempo fazem: ele podia ter desistido. Teria, segundo o que erroneamente acreditam, razão em concluir que Deus não se importava com Ele e que o havia trazido ao mundo somente parasofrer. E qual desses cegos modernos culparia o pobre homem se este passasse então a odiar Deus, a blasfemar contra Cristo, a militar contra a Fé? Se formos pensar como esses homens, o cego de Jericó deveria se revoltar não só contra Deus, mas contra toda a humanidade. Afinal, não são todos egoístas, que suplicam a Deus por uma bênção sem respeitar um pobre desgraçado emcondição muito mais deplorável? Com efeito, não havia quem lhe desse a mão para conduzi-lo até Jesus e, não bastasse isso, ainda ordenavam-lhe que calasse a boca! “Ó, mundo cruel! Para o inferno com tudo isso!” é o que os cegos de nosso tempo esperariam ouvir da boca do cego de Jericó.

Mas o cego de Jericó é diferente. Aprendeu durante todos aqueles anos a cultivar a virtude da humildade e viveu, ainda que de modo forçado, a santa pobreza que purifica a alma de muitos males. Sabia também, como que pela Graça, que Cristo o ouvia o provava; não iria despedi-lo de mãos vazias. Tinha, portanto, Fé: Conhecia a Deus muito mais do que todos os outros que ali estavam. Que fez então? Ignorando todo o mundo que militava contra a sua Fé, e ignorando até mesmo a aparente indiferença de Deus, continuou gritando e com mais força: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”.

O final dessa história nós também conhecemos: Jesus para pelo caminho e ordena que tragam o cego a sua presença; restabelece sua visão e lhe despede dizendo “tua Fé te salvou” (Lc 18, 42).

É impossível não ver no menino que foi curado a figura do cego de Jericó. O menino se agitava. Havia implorado por muito tempo à mãe para que lhe levasse a Lourdes para receber a cura de sua doença, nutrindo essa esperança todos os dias desde que foi iluminado pela luz daFé. Estando em Lourdes e tendo visto se aproximar o Senhor, começou a clamar, a implorar a Jesus pela cura. Ainda que o clamor da multidão fosse grande, sua agitação não passou despercebida. A mãe, constrangida pela visão, com amor coloca suas mãos sobre a cabeça do menino e lhe pede que tenha calma, que perceba que nem todos são curados. O menino não presta ouvido: Está certo de que Jesus irá ouvi-lo.

Acontece que Cristo passa e o menino não é curado. O coração da mãe despedaça-se completamente. Olha para o seu filho, e deseja ela mesma estar na pele dele para não ter de contemplar tamanho sofrimento, tamanha desilusão. Quem sabe até não condenaria seu filho se este lhe pedisse para ir embora imediatamente, julgando-se como uma vítima do Deus implacável e terrível. Mas o menino tinha Fé. Sua condição lastimável lhe ensinou a humildade, e por meio de suas orações aprendeu que por vezes Jesus Cristo parece não ouvir nossas preces, mas que nunca nega um pedido de sua Mãe Santíssima. E então, clamando pelo auxílio da Virgem Santíssima, foi imediatamente curado, e o povo passou a glorificar a Deus!

Ó, meu querido irmão! Como não ser invadido pelo entusiasmo? Como não ser iluminado pela luz da Fé por meio dessa reflexão? Cristo vive! Cristo reina! É o mesmo que andou por esse mundo curando, libertando, salvando. Ele nos mostra, por meio dos Santos Evangelhos, que permanece a agir do mesmo modo, esperançoso de que compreendamos o significado de todas essas coisas para nos aproximarmos com confiança d’Ele.

Que de agora em diante o Evangelho seja isto para você: Uma carta de Amor na qual Deus fala sobre Si para que você o conheça. A Fé é o conhecimento de Deus.

Que Deus abençoe a todos e ao apostolado Cooperadores da Verdade.

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