Patrística é o nome que se dá ao pensamento cristão dos primeiros séculos. Antes de mais nada consiste na elaboração doutrinal da fé da Igreja em sua defesa contra os ataques dos pagãos e hereges, pelos Santos Padres
A Patrística caracteriza-se por certa indistinção entre religião e filosofia. Para os santos padres da Igreja, a princípio, a religião cristã é a expressão íntegra e definitiva da verdade que a filosofia grega alcançou imperfeita e parcialmente. Com efeito, a Razão (logos) que se fez carne em Cristo e se revelou plenamente aos homens na sua Palavra é a mesma que inspirou os filósofos pagãos, que procuraram traduzí-la em suas especulações.
Os períodos da Patrística
A Patrística costuma ser dividida em três períodos. O primeiro, que vai mais ou menos até o século IV, é dedicado à defesa do Cristianismo contra seus adversários pagãos e gnósticos. Logo depois, o segundo período, que vai do início ao fim do século IV, é caracterizado pela formulação doutrinal da fé cristã; é o período dos primeiros grandes sistemas de filosofia cristã, tendo seu auge com Santo Agostinho. Posteriormente, o terceiro período, que vai do século V até o fim do século VIII, é caracterizado pela reelaboração e pela sistematização das doutrinas já formuladas, bem como pela ausência de formulações originais. A herança da Patrística foi recolhida, no início do renascimento carolíngio, pela Escolástica.
Chamamos de Padres da Igreja aqueles grandes homens que foram no Oriente e no Ocidente como que os Pais da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da fé cristã, que enfrentaram muitas heresias e que de certa forma foram os responsáveis pelo que chamamos de Tradição da Igreja:
Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Santos Padres.
Cardeal Henri de Lubac
Segue abaixo uma relação, ainda incompleta, desses gigantes da fé e da Igreja, que souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos.
Leia também: Como estudar Patrística e Patrologia?
Os Santos Padres
- São Clemente de Roma (†102), Papa de Roma (88 – 97)
- Santo Inácio de Antioquia (†110)
- Aristides de Atenas (†130)
- São Policarpo de Esmira (†156)
- Pastor de Hermas (†160)
- Aristides de Atenas (†160)
- São Hipólito de Roma (160 – 235)
- São Justino (†165)
- Militão de Sardes (†177)
- Atenágoras (†180)
- São Teófilo de Antioquia (†181)
- Orígenes de Alexandria (184 – 254)
- Santo Ireneu (†202)
- Tertuliano de Cartago (†220)
- São Clemente de Alexandria (†215)
- Metódio de Olimpo (sec.III)
- São Cipriano de Cartago (210-258)
- Novaciano (†257)
- São Atanásio de Alexandria(295 -373)
- São Efrém – (306 – 373), diácono, Mesopotânia
- São Hilário de Poitiers – bispo (310 – 367)
- São Cirilo de Jerusalém, bispo (315 – 386)
- São Basílio Magno, bispo (330 – 369) – Cesaréia
- São Gregório Nazianzeno – (330 – 379), bispo
- São Ambrósio – (340 – 397), bispo, Treves – Itália
- Eusébio de Cesaréia (340)
- São Gregório de Nissa (340)
- Prudêncio (384 – 405)
- São Jerônimo ( 348 – 420), presbítero Strido, Itália
- São João Cassiano (360 – 407)
- São João Crisóstomo – (349 – 407), bispo
- São Agostinho – (354 – 430), bispo
- Santo Efrém (†373)
- Santo Epifânio (†403)
- São Cirilo de Alexandria – (370 – 442), bispo
- São Pedro Crisólogo – (380 – 451), bispo, Itália
- São Leão Magno (400 – 461), papa de Roma – Toscana, Itália
- São Paulino de Nola (†431) – Sedúlio (sec V)
- São Vicente de Lerins (†450)
- São Pedro Crisólogo (†450)
- São Bento de Núrcia (480 – 547)
- São Venâncio Fortunato (530-600)
- São Ildefonso de Toledo (617 – 667)
- São Máximo Confessor (580-662)
- São Gregório Magno (540 – 604), Papa de Roma
- São Ildefonso de Sevilha (†636)
- São Germano de Constantinopla – (610-733)
- São João Damasceno (675 – 749), bispo, Damasco
- Santo Isidoro de Sevilha (560 – 636) bispo, Sevilha
O que pensavem os Santos Padres?
Primeiro Período
O primeiro período da patrística corresponde aos Santos Padres do Período Ante-Niceno; aqueles que viveram antes do primeiro Concílio Ecumênico de Niceia (324 d.C). Aqui, geralmente compreende-se os escritos produzidos entre o I e Início do Século IV.
São Clemente de Roma (†102), Papa (88-97) O terceiro sucessor de São Pedro, nos tempos dos imperadores Domiciano e Trajano (92 a 102). No depoimento de Santo Ireneu de Lyon “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento”.
Santo Inácio de Antioquia (†110) O terceiro bispo da importante comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”.
Aristides de Atenas († 130) Um dos primeiros apologistas cristãos; escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos cristãos.
São Policarpo (†156) Bispo de Esmirna, e uma pessoa muito amada. Conforme escreve Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de São João Evangelista. No ano 155 estava em Roma com o Papa Niceto tratando de vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Combateu os hereges gnósticos. Foi condenado à fogueira; o relato do seu martírio, feito por testemunhas oculares, é documento mais antigo deste gênero (publicado neste livro).
Hermas (†160) Irmão do Papa São Pio I, sob cujo pontificado escreveu a sua obra Pastor. suas visões de estilo apocalíptico.
Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apóstolos) Um antigo catecismo, redigido entre os anos 90 e 100, na Síria, na Palestina ou em Antioquia. Traz no título o nome dos doze Apóstolos. Os Santos Padres da Igreja mencionaram-na muitas vezes. Em 1883 foi encontrado um seu manuscrito grego.
São Justino (†165), mártir Nasceu em Naplusa, antiga Siquém, em Israel; achou nos Evangelhos “a única filo proveitosa”, filósofo, fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologias ao Imperador romano Antonino Pio, no ano 150, defendendo os cristãos; foi martirizado em Roma.
Santo Hipólito de Roma (160-235) Discípulo de santo Irineu (140-202), foi célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir. Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações, catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e horas de oração, sepultamento, etc.
Melitão de Sardes (†177) Bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes luminares da Ásia Menor. Escreveu a Apologia, dirigida ao imperador Marco Aurélio.
Atenágoras (†180) Filósofo em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos Cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos, foi grande apologista.
São Teófilo de Antioquia (†após 181) Nasceu na Mesopotâmia, converteu-se ao cristianismo já adulto, tornou-se bispo de Antioquia. Apologista, compôs três livros, a Autólico.
Santo Ireneu (†202) Nasceu na Ásia Menor, foi discípulo de são Policarpo (discípulo de são João), foi bispo de Lião, na Gália (hoje França). Combateu eficazmente o gnosticismo em sua obra Adversus Haereses (Refutação da Falsa Gnose) e a Demonstração da Preparação Apostólica. Segundo são Gregório de Tours (†594), são Irineu morreu mártir. É considerado o “príncipe dos teólogos cristãos”. Salienta nos seus escritos a importância da Tradição oral da Igreja, o primado da Igreja de Roma (fundada por Pedro e Paulo).
Santo Hilário de Poitiers (316-367) Doutor da Igreja, foi bispo de Poitiers, combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra Sobre a Santíssima Trindade.
São Clemente de Alexandria (†215) Seu nome é Tito Flávio Clemente, nasceu em Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou-se em Alexandria. Durante a perseguição de Setímio Severo (203), deixou o Egito, indo para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança do pensamento grego com a fé cristã. Dizia: “Como a lei formou os hebreus, a filo formou os gregos para Cristo”.
Orígenes (184-254) Nasceu em Alexandria, Egito; seu pai Leônidas morreu martirizado em 202. Também desejava o martírio; escreveu ao pai na prisão: “não vás mudar de idéia por causa de nós”. Em 203 foi colocado à frente da escola catequética de Alexandria pelo bispo Demétrio. Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Mammae, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesaréia durante a perseguição do imperador Décio.
Tertuliano de Cartago (†220) Do norte da África, culto, era advogado em Roma quando em 195 se converteu ao Cristianismo, passando a servir a Igreja de Cartago como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo, mas se desentendeu com a Igreja Católica. É autor das frases: “Vede como se amam” e “ O sangue dos mártires era semente de novos cristãos”.
São Cipriano (†258) Nasceu em Cartago, foi bispo e primaz da África Latina. Era casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em 258. Escreveu a bela obra Sobre a unidade da Igreja Católica. Na obra De Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso.
Eusébio de Cesaréia (260-339) Bispo, foi o primeiro historiador da Igreja. Nasceu na Palestina, em Cesaréia, discípulo aí de Orígenes. Escreveu a sua Crônica e a História Eclesiástica, além de A Preparação e a Demonstração Evangélicas. Foi perseguido por Dioclesiano, imperador romano.
Segundo Período
O segundo período da patrística corresponde aos Santos Padres do Período Niceno; aqueles que viveram à época do Concílio e também os que são imediatamente posteriores ao Concílio Ecumênico de Nicéia (324 d.C). Compreende-se os escritos surgidos entre o início do IV Século até o final deste. Período em que surgem os primeiros grandes sistemas filosóficos do Cristianismo e das grandes sistematizações teológicas.
Santo Atanásio (295-373) Doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe valeu sete anos de exílio. São Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.”
Santo Hilário de Poitiers (316-367) Doutor da Igreja, nasceu em Poitiers, na Gália (França); em 350 clero e povo o elegiam bispo, apesar de ser casado. Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo valer as decisões do Concílio de Nicéia. É chamado o “Atanásio do Ocidente”.Escreveu as obras Sobre a Fé, Sobre a Santíssima Trindade.
Santo Efrém, o Sírio (†373) Doutor da Igreja, é considerado o maior poeta sírio, chamado de “a cítara do Espírito Santo”. Nasceu em Nísibe, de pais cristãos, por volta de 306, deve ter participado do Concílio de Nicéia (325), segundo a tradição, com o seu bispo Tiago. Foi ordenado diácono em 338 e assim ficou até o fim da vida. Escreveu tratados contra os gnósticos, os arianos e contra o imperador Juliano, o apóstata. Escreveu belos hinos e louvores a Maria.
São Cirilo de Jerusalém (†386) Doutor da Igreja, Bispo de Jerusalém, guardião da fé professada pela Igreja no Concílio de Nicéia (325). Autor das Catequeses Mistagógicas, esteve no segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 381.
São Dâmaso (304-384) Papa da Igreja, instruído, de origem espanhola, sucedeu o Papa Libério que o ordenou diácono; obteve do Imperador Graciano o reconhecimento jurisdicional do bispo de Roma. Mandou que S. Jerônimo fizesse uma revisão da versão latina da Bíblia, a Vulgata. Descobriu e ornamentou os túmulos dos mártires nas catacumbas, para a visita dos peregrinos.
São Basílio Magno (329-379) Bispo e doutor da Igreja, nasceu na Capadócia; seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro, são santos. Foi íntimo amigo de S. Gregório Nazianzeno; fez-se monge. Em 370 tornou-se bispo de Cesaréia na Palestina, e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou-se no estudo a Santíssima Trindade (Três Pessoas e uma Essência).
São Gregório Nazianzeno (329-390) Doutor da Igreja – nasceu em Nazianzo, na Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores oradores cristãos. Foi grande amigo de São Basílio, que o sagrou bispo. Lutou contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado de “teólogo”, que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481.
São Gregório de Nissa (†394) Bispo de Nissa, e depois de Sebaste, irmão de São Basílio e amigo de São Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de Constantinopla (381) que definiu o dogma da SS. Trindade. Combateu o apolinarismo, macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e arianismo.
São João Crisóstomo (354-407) ( = boca de ouro) Doutor da Igreja, é o mais conhecido dos Santos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia. Tornou-se patriarca de Constantinopla, foi grande pregador. Foi exilado na Armênia por causa da defesa da fé sã. Foi proclamado pelo papa S. Pio X, padroeiro dos pregadores.
São Cirilo de Alexandria (†444) Bispo e doutor da Igreja, sobrinho do patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu vivamente o Nestorianismo (Nestório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso (431), que condenou as teses de Nestório. É considerado um dos maiores Santos Padres da língua grega, e chamado o “Doutor mariano”.
São João Cassiano (360-465) Recebeu formação religiosa em Belém e viveu no Egito. Foi ordenado diácono por S. João Crisóstomo, em Constantinopla, e padre pelo papa Inocêncio, em Roma. Em 415 fundou dois mosteiros em Marselha, um para cada sexo. São Bento recomendou seus escritos.
São Paulino de Nola (†431) Nasceu na Gália (França), exerceu importantes cargos civis até ser batizado. Vendeu seus bens, distribuindo o dinheiro aos pobres, e com sua esposa Terásia passou a viver vida eremítica. Foi ordenado padre em 394, em 409 bispo de Nola.
São Pedro Crisólogo (†450) (= palavra de ouro) Bispo e doutor da Igreja – foi bispo de Ravena, Itália. Quando Êutiques, patriarca de Constantinopla pediu o seu apoio para a sua heresia (monofisismo – uma só natureza em Cristo), respondeu: “Não podemos discutir coisas da fé, sem o consentimento do Bispo de Roma”. Temos 170 de suas cartas e escritos sobre o Símbolo e o Pai – Nosso.
Santo Ambrósio (†397) Doutor da Igreja, nasceu em Tréveris, de nobre família romana. Com 31 anos governava em Milão as províncias de Emília e Ligúria. Ainda catecúmeno, foi eleito bispo de Milão, pelo povo, tendo, então recebido o batismo, a ordem e o episcopado. Foi conselheiro de vários imperadores e batizou santo Agostinho, cujas pregações ouvia. Deixou obras admiráveis sobre a fé católica.
São Jerônimo (347-420) “Doutor Bíblico” – nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é o mais erudito dos Santos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa S. Dâmaso, por cuja ordem fez a revisão da versão latina da Bíblia (Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor a Igreja […].
Santo Epifânio (†403) Nasceu na Palestina, muito culto, foi superior de uma comunidade monástica em Eleuterópolis (Judéia) e depois, bispo de Salamina, na ilha de Chipre. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo.
Terceiro Período
O primeiro período da patrística corresponde aos Santos Padres que viveram do Século V ao Século VIII, e que reelaboram as doutrinas já formuladas pelo Magistério da Igreja.
Santo Agostinho (354-430) Bispo e Doutor da Igreja – Nasceu em Tagaste, Tunísia, filho de Patrício e S. Mônica. Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista. Foi um dos homens mais importantes para a Igreja. Combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o Maniqueísmo, o Donatismo e o Pelagianismo, que desprezava a graça de Deus. Santo Agostinho escreveu muitas obras e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental.
São Vicente de Lérins (†450) Depois de muitos anos de vida mundana se refugiou no mosteiro de Lérins. Escreveu o seu Commonitorium, “ para descobrir as fraudes e evitar as armadilhas dos hereges”.
São Bento de Núrcia (480-547) Nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de várias comunidades monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre Abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa S. Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros era “ora et labora”. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI proclamou-o Patrono da Europa, em 24/10/1964.
São Venâncio Fortunato (530-600) Nasceu em Vêneto na Itália, foi para Poitiers (França). Autor de célebres hinos dedicados à Paixão de Cristo e à Virgem Maria, até hoje usados na Igreja.
São Gregório Magno (540-604) Papa e doutor da Igreja – Nasceu em Roma, de família nobre. Ainda muito jovem foi primeiro ministro do governo de Roma. Grande admirador de S. Bento, resolveu transformar suas muitas posses em mosteiros. O papa Pelágio o enviou como núncio apostólico em Constantinopla até o ano 585. Foi feito papa em 590. Foi um dos maiores papas que a Igreja já teve. Bossuet considerava-o “modelo perfeito de como se governa a Igreja”. Promoveu na liturgia o canto “gregoriano”. Profunda influência exerceram os seus escritos: Vida de São Bento e Regra Pastoral, usado ainda hoje.
São Máximo, o confessor (580 – 662) Nasceu em Constantinopla, foi secretário do imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649.
Santo Ildefonso de Sevilha (†636) Doutor da Igreja. Considerado o último Padre do ocidente. Bispo de Sevilha, Espanha desde 601. Em 636 dirigiu o IV Sínodo de Toledo. Exerceu notável influência na Idade Média com os seus escritos exegéticos, dogmáticos, ascéticos e litúrgicos.
São Germano de Constantinopla – (610-733) Bispo – Patriarca de Constantinopla (715-30), nasceu em Constantinopla ao final do reinado do imperador Heracleo (610-41); morreu em 733 ou 740. Filho de Justiniano, um patriciano, Germano dedicou seus serviços à Igreja e começou como clérigo na catedral de Metrópolis. Logo depois da morte de seu pai que havia ocupado vários altos cargos de oficial, pelas mãos do sobrinho de Herácleo, Germano se consagrou bispo de Chipre, o ano exato, porém, de sua elevação é desconhecido.
São João Damasceno (675-749) Bispo e Doutor da Igreja – É considerado o último dos representantes dos Santos Padres gregos. É grande a sua obra literária: poesia, liturgia, filo e apologética. Filho de um alto funcionário do califa de Damasco, foi companheiro do príncipe Yazid que, mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, ministro das finanças. A um determinado tempo deixou a corte do califa e retirou-se para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Tornou-se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro. Enfrentou com muita coragem a heresia dos iconoclastas que condenavam o culto das imagens. Ficaram famosos os seus Três Discursos a Favor das Imagens Sagradas.
Os escritos dos Santos Padres compõem uma obra de altíssima importância para o Cristianismo, neles verificamos como a Igreja primitiva pregava a fé católica e como observava os mandamentos da igreja, nestas obras vemos qual foi a fé dos primeiros cristãos e analisamos a continuidade desta mesma fé.