No dia 25 de março, a Igreja celebra o acontecimento mais ilustre de todos os tempos, o maior milagre já realizado por Deus: a Anunciação. No dia da Anunciação, no dia que Deus se encarnou, a distância infinita que havia entre nós e Deus foi eliminada. Através de seu poder infinito, Deus uniu a sua natureza divina a uma natureza humana. Algo ainda mais incrível resultou deste fato: dele não surgiu um ser com duas personalidades, a Deus e de um homem; as duas naturezas foram unidas em uma única Pessoa, chamada de Jesus Cristo, que é Deus e homem.
Diz o Padre Leo Trese:
Esta união do divino e do humano numa Pessoa é tão singular, tão especial, que não admite comparação com outras experiências humanas, e, portanto, está fora da nossa capacidade de compreensão. Com o a Santíssima Trindade, é um dos grandes mistérios da nossa fé, a que chamamos o mistério da Encarnação.
(TRESE, 1999, p.68)
A essa união das duas naturezas é chamada de união hipostática, que tem sua origem no termo grego hipostásis, que significa “o que está debaixo”.
A fonte da natureza humana do Cristo
Para que o Redentor tivesse uma natureza, Deus escolheu uma jovem virgem, da descendência de Davi, para ser a fonte e a raiz dessa natureza. Nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“Deus enviou o seu Filho” (GI 4, 4). Mas, para Lhe “formar um corpo” (Hb 10, 5), quis a livre cooperação de uma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, “virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria” (Lc 1, 26-27).
(CIC, 488)
Maria fora agraciada com aquilo que Adão havia perdido: desde o momento de sua concepção ela foi preservada do Pecado Original. Por isso, a Divina Maternidade foi mais um dom concedido por Deus a sua mais dileta filha. A Mãe do Messias que esmagou a cabeça de Satanás não esteve sob o domínio dele nem por um instante.
Maria era uma virgem que fez um voto de castidade perpétua. Mas, mesmo com seu voto, ela estava prometida a um santo homem – “varão justo”, como o descreve o Evangelho, – também jovem, chamado José. São José precisava ser um homem justo e puríssimo, pois a ele caberia o governo e o sustento da Sagrada Família. São José também deveria respeitar o voto de castidade da Virgem. Nos ensina o Padre Trese:
Não nos surpreende, pois, que José, a pedido dos pais de Maria, aceitasse gozosamente ser o esposo legal e verdadeiro de Maria, ainda que conhecesse a sua promessa de virgindade e soubesse que o matrimônio nunca seria consumado. Maria permaneceu virgem não só ao dar à luz Jesus, mas durante toda a sua vida. Quando o Evangelho menciona “os irmãos e irmãs” de Jesus, devemos recordar de que é uma tradução grega do original hebraico, e que neste caso essas palavras significam simplesmente “parentes consanguíneos”, mais ou menos o mesmo que a nossa palavra “ primos”.
(TRESE, 1999, pp. 69-70)
Nos ensina também o Catecismo:
O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo «não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal» da sua Mãe (LG). A Liturgia da Igreja celebra Maria Aeiparthenos como a “sempre Virgem”.
A isso objeta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus (Mc 3, 31-35). A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, irmãos de Jesus (Mt 13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo (Mt 27, 56) designada significativamente como a outra Maria (Mt 28, 1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento (Gn 13, 8; 14, 16; 29, 15).
(CIC, 499-500)
Maria, ao receber do anjo o anúncio de que conceberia o Filho de Deus, inclinou a cabeça e disse: “Faça-se em mim segundo a Vossa palavra”, e neste momento Deus Espírito Santo gerou o corpo e alma de uma criança a quem Deus Filho se uniu no primeiro momento de sua existência.
Ao anúncio de que dará à luz “o Filho do Altíssimo”, sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo, Maria respondeu pela obediência da fé (Rm 1, 5), certa de que «a Deus nada é impossível»: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção.
(CIC, 494)
A Corredentora e Mãe de Deus
Por ter aceitado de maneira voluntária ser Mão do Redentor, e por ter participado de maneira muito íntima na sua Paixão, Maria é aclamada e venerada pela Igreja como Corredentora do gênero humano. Também por ter sido a Mãe do Redentor, Maria teve seu corpo puríssimo preservado da corrupção da morte, é o que chamamos de Assunção de Nossa Senhora.
Já dissemos que as duas naturezas de Nosso Senhor uniram-se formando uma única Pessoa, divina e humana. Maria é Mãe dessa Pessoa; portanto, nós chamamos Maria de Mãe de Deus, pois uma mulher quando dá à luz a um filho, torna-se mãe de uma pessoa e não de uma natureza. Não é certo falar que Maria é mãe só da natureza humana de Jesus; do Jesus homem. Quando honramos Nossa Senhora como Mãe de Deus, o fazemos tendo em vista a natureza divina de Jesus.
Encerramos mais esta catequese com mais um trecho do Padre Trese:
Como pode, então, alguém afirmar que ama Jesus Cristo verdadeiramente, se não ama também sua Mãe? Os que objetam que a honra dada a Maria subtrai a que é devida a Deus; os que dizem que os católicos “adicionam” uma segunda mediação “ao único Mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo, Deus encarnado” , mostram que compreenderam muito pouco da verdadeira humanidade de Jesus Cristo. Porque Jesus ama a Virgem Maria não com o mero amor imparcial que Deus tem por Iodas as almas, não com o amor especial que Ele tem por todas as almas santas; Jesus ama Maria com o amor humano perfeito que só o Homem Perfeito pode ter por uma Mãe perfeita. Quem menospreza Maria não presta um serviço a Jesus. Muito ao contrário quem rebaixa a honra de Maria, reduzindo-a ao nível de “ uma boa mulher” rebaixa a honra de Deus numa de suas mais nobres obras de amor e misericórdia.
(TRESE, 1999, p. 73)
Referências Bibliográficas
- Catecismo da Igreja Católica;
- TRESE; Leo John. A fé explicada / Leo J. Trese; tradução de Isabel Perez. – 7ª ed. – São Paulo: Quadrante, 1999.
Que conteúdo maravilhoso, obrigada
Paz e bem!