Uma pergunta que aparece com certa frequência é: João Batista foi a reencarnação do profeta Elias? Essa dúvida surge a partir de passagens do Evangelho em que Jesus afirma que Elias já veio, e os discípulos entendem que Ele se referia a João Batista (cf. Mt 17,13). Além disso, o anjo Gabriel, ao anunciar o nascimento de João, diz que ele viria “no espírito e poder de Elias” (Lc 1,17).
Como interpretar corretamente essas passagens?
A missão profética de João: um novo Elias
Jesus identifica João Batista como aquele que veio “no espírito e poder de Elias”. Isso quer dizer que ele foi enviado com a mesma missão profética, com a mesma autoridade moral, com a mesma ousadia e com a mesma vocação de preparar o povo para o Senhor.
Assim como Elias chamou Israel ao arrependimento e à conversão, enfrentando reis e denunciando o pecado, João também foi uma voz que clamava no deserto, conclamando o povo à penitência e preparando o caminho do Messias.
Essa relação, porém, é analógica e não literal. João Batista é comparado a Elias, mas não é Elias em pessoa, muito menos uma “reencarnação” do profeta.
A própria negação de João Batista
O texto mais decisivo está no Evangelho de São João. Quando os fariseus perguntam a João Batista: “Tu és Elias?”, ele responde claramente: “Não sou” (Jo 1,21). Essa declaração elimina qualquer interpretação literalista ou reencarnacionista. João sabia quem era, e negou ser Elias.
A ressurreição, não a reencarnação
O Novo Testamento é firme ao ensinar que, ao fim dos tempos, nós seremos ressuscitados, não reencarnados. A doutrina da reencarnação é incompatível com o Evangelho.
São Paulo afirma: “Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Cor 6,14). A esperança cristã está na ressurreição gloriosa do corpo, e não numa sucessão indefinida de existências terrenas.
Elias apareceu na Transfiguração
Curiosamente, a pergunta dos discípulos sobre Elias é feita após a Transfiguração (cf. Mt 17). E o texto relata que Elias aparece ao lado de Moisés, conversando com Jesus. Isso demonstra que Elias não estava reencarnado em João Batista, pois aparece como ele mesmo, em forma glorificada.
Elias não morreu
Por fim, um detalhe fundamental: Elias não morreu. Ele foi arrebatado ao céu em um carro de fogo (cf. 2Rs 2,1-15). Ora, segundo a doutrina reencarnacionista, para que haja reencarnação, é preciso que o indivíduo morra. Elias, portanto, não poderia ter reencarnado.
Conclusão: João Batista é figura de Elias, não sua reencarnação
A Sagrada Escritura é clara: João Batista é o “Elias” que havia de vir, no sentido de que cumpre sua missão profética, mas não é a mesma pessoa, nem uma reencarnação. A analogia entre eles é espiritual e funcional, não literal.
A doutrina da reencarnação é estranha à fé cristã e incompatível com a revelação bíblica. A nossa esperança está na ressurreição final, quando Deus restaurará plenamente a sua criação.
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