Uma pergunta comum que surge ao estudar a vida de Cristo é: se Jesus é Deus, então para quem Ele orava? Estaria Ele orando para si mesmo? A resposta é clara e teologicamente fundamentada: Jesus orava ao Pai.
A Santíssima Trindade: um só Deus em três Pessoas
Antes de compreendermos o significado da oração de Jesus, precisamos recordar a doutrina da Trindade. A Igreja ensina que existe um único Deus em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada uma dessas Pessoas é plenamente Deus, partilhando da mesma natureza divina, mas são realmente distintas entre si.
Portanto, quando Jesus ora, Ele não está falando consigo mesmo, mas com o Pai, que é uma Pessoa distinta dentro da Trindade. Isso é coerente com sua identidade como o Filho eterno, encarnado no tempo.
A oração de Jesus enquanto verdadeiro homem
Com a Encarnação, o Verbo eterno de Deus assumiu plenamente a natureza humana (cf. Jo 1,14). Isso inclui a dimensão espiritual e relacional do ser humano, que naturalmente se volta a Deus pela oração.
Jesus, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, expressava sua relação com o Pai também através da oração. Ele não o fazia para informar algo ao Pai — pois Deus é onisciente —, mas como forma de comunhão, expressão de amor filial e submissão voluntária. Ele orava como homem, e ao fazer isso, nos dava o exemplo de como devemos nos relacionar com Deus.
A oração de Jesus também revela sua obediência e entrega total à vontade do Pai: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42).
Combate às heresias: a oração como testemunho trinitário
As passagens em que Jesus ora ao Pai também têm um papel importante na defesa da doutrina trinitária contra heresias históricas. Por exemplo, o sabelianismo (ou modalismo), no século III, afirmava que Deus é uma única Pessoa que se manifesta de formas diferentes como Pai, Filho ou Espírito Santo, conforme a ocasião.
Contudo, ao vermos Jesus orando ao Pai, essa interpretação se mostra insustentável. A oração de Jesus revela uma relação real entre duas Pessoas distintas dentro da Trindade. Jesus é o Filho que se dirige ao Pai, e isso reafirma a identidade pessoal e distinta de cada Pessoa Divina, sem comprometer a unidade da natureza divina.
Conclusão: Um Deus em relação
Jesus, como o Verbo encarnado, orava ao Pai, não a si mesmo. E, com isso, Ele revelava a intimidade do amor trinitário e nos ensinava a buscar também uma relação profunda com Deus.
A oração de Jesus é, portanto, uma janela para o mistério da Trindade e um convite à nossa participação nesse mistério pela fé e pela vida de oração.
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