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Filantropia e amor ao próximo

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Filantropia

Etimologicamente, «filantropia» é palavra grega que significa «amor aos homens».

O amor aos homens sempre foi recomendado na história da filosofia e da civilização.

Na Grécia, já Platão (+347 a.C.) exaltava a filantropia e, a quanto parece, a subdividia em «afabilidade, assistência ao infeliz e hospitalidade». A vida de Sócrates, o mestre de Platão, podia ser apresentada como exemplo de filantropia, pois Sócrates passava os dias a ensinar aos homens o que é a virtude, chegando a dar a vida por causa desta sua missão (cf. Platão, Apologia de Sócrates, 29 D; Xenofonte, Memorabilia I, 6,14).

Os estoicos, no limiar da era cristã, inculcando igualmente entre os homens um cosmopolitismo que ignorava barreiras entre os povos, incutiam altruísmo e abnegação (cf. Cícero, Fin. 3,19, 64). De modo especial, Sêneca (+65) levantava protestos contra a opressão dos fracos e dos escravos (cf. ep. 47,ls; 95,51s), ao passo que o Imperador Marco Aurélio (+180) recomendava o amor até mesmo aos inimigos (Meditações VII 22).

O Cristianismo, como se compreende, sublinhou e aprimorou tais normas, chamando a atenção para o fato de que todos os homens são irmãos em Cristo, todos valem o sangue do Redentor. Conscientes disto, os escritores e mestres desenvolveram com zelo o tema do amor ao próximo ou da caridade fraterna. Isto… até o séc. XVI.

No séc. XVI, o Humanismo ou Renascimento constituiu um movimento de emancipação frente ao Cristianismo e de volta, ora mais, ora menos consciente, ao paganismo. Em consequência, não podia deixar de se depauperar o conceito de amor aos homens ou de filantropia; certo relativismo o foi desvirtuando.

Nos séculos seguintes, a filantropia e a vida pública mais e mais se emanciparam da noção de Deus. Com isto, o amor aos homens perdeu sua base religiosa, que o Cristianismo tão fortemente lhe havia incutido. O racionalismo francês do séc. XVIII, por exemplo, estabelecia o princípio da «Humanité» (Humanidade) ou da filantropia sobre um fundamento leigo ou mesmo ateu. Pouco depois, o filósofo alemão Kant (t 1804) afirmava que o amor aos homens é um imperativo categórico, isto é, algo que devemos praticar sem procurar motivação ou finalidade; o gênero humano seria objetivo ou fim em si mesmo. O amor aos homens por causa dos homens, sem se levar em conta a existência de Deus, justificar-se-ia perfeitamente. Augusto Comte (t 1857) chegou a fazer desse amor leigo, amor sem Deus, a sua «Religião» — a Religião da Humanidade.

A filantropia leiga tomou vulto bem concreto em fins do séc. XVIII numa corrente pedagógica alemã chamada «Filantropismo» ou «Filantropinismo». O iniciador desse movimento foi João Bernardo Basedow (1724-1790). Visava reformar a escola e a educação, assinalando-lhes como finalidade a formação de homens capazes de alcançar o máximo de felicidade possível para si e para seus semelhantes (donde o nome de «Filantropismo»); qualquer espécie de nacionalismo deveria ser consequentemente combatida. Os métodos didáticos da escola nova deveriam evitar disciplina rígida e recorrer a táticas agradáveis aos alunos. Os programas de estudo desenvolveriam principalmente as matérias úteis e economicamente produtivas (de modo especial,… as que se relacionam com a agricultura); o ensino da religião teria o papel de educar os sentimentos do jovem e provocar bons costumes (seria, em outras palavras, «educação meramente moral»). Tais são as ideias disseminadas através dos dez livros da obra de Basedow intitulada «Elementar- buch fuer die Jugend und fuer ihre Leher und Freunde» (1770).

O autor, tendo captado a simpatia de muitos colegas e principalmente a do príncipe de Anhalt-Dessau, fundou em 1774 o instituto «Philanthropinum» na cidade de Dessau; seria, ao mesmo tempo, um seminário para formar mestres e um colégio com internato para adolescentes. A respeito desse educandário, Basedow publicou um escrito dedicado ao Imperador D. José da Áustria, ao rei da Dinamarca, à Imperatriz Da. Catarina da Rússia, e dirigido aos benfeitores da humanidade. O Instituto devia dar educação civil, política (no sentido do cosmopolitismo, isto é, da rejeição do nacionalismo) e religiosa (no sentido do deísmo, isto é, da simples afirmação da existência de Deus, sem confissão de fé propriamente dita). Essa escola encerrou suas atividades em 1793 por motivo de desentendimentos entre os seus mentores.

Basedow se ressentiu profundamente da influência de Jean-Jacques Rousseau, cuja obra «Émile» ele leu assiduamente; dai o otimismo do Filantropismo em relação à natureza humana (esta seria, por si mesma, inclinada à prática do bem), assim como o seu destino (religião dos filósofos racionalistas, alheios ao Cristianismo). A educação moral baseada em tais premissas seria necessariamente falha, pois transferiria para a natureza humana e suas pretensas capacidades a importância e os valores que na verdade competem a Deus e à graça; apoiando-se em si mais do que no Senhor, o homem não consegue a sua felicidade nem a dos seus semelhantes, pois é certo que no fundo de cada indivíduo existem o egoísmo e outras tendências desregradas que dificultam ou mesmo, cedo ou tarde, sufocam o genuíno amor ao próximo.

3. Pois bem. Em nossos dias, quando se fala de «filantropia», costuma-se entender o que a filosofia dos últimos séculos nos transmitiu, isto é, o amor aos homens que abstrai de Deus, amor «leigo», que julga poder preencher as suas finalidades sem dar lugar explícito a Deus nos seus programas. É o tipo de amor professado por sociedades de educação ou de assistência social que se dizem «leigas» ou «aconfessionais». Tais sociedades não renegam a Deus, nem combatem expressamente a fé (por vezes até a elogiam em termos mais ou menos convencionais), mas, por seus programas, dão a crer que Deus e a Religião não são elementos necessários para que o homem e a sociedade se realizem devidamente; são, antes, expressões do gosto, da cultura ou do temperamento de cada indivíduo; poderão tornar-se úteis de acordo com as tendências de cada qual em particular.

O cristão sabe que tal amor aos homens, embora possa conseguir alguns bons resultados, nunca proporcionará aos povos a harmonia e a paz a que tanto aspiram. Os valores humanos, as simpatias naturais, os vínculos de família ou nação nunca serão suficientes motivos para sustentar de maneira duradoura o serviço do homem ao seu próximo; o egoísmo e as paixões tendem a prevalecer, solapando a energia que se requer no exercício do genuíno amor. Se não leva em conta um motivo mais valioso, ou seja, Deus, o homem não consegue amar seu semelhante até as últimas consequências. A natureza humana está, sim, contaminada pelo pecado original e pela concupiscência desregrada; esta verdade, de importância capital que a fé cristã ensina, a filosofia racionalista (em particular, a de Jean-Jacques Rousseau) a ignora; ignorando-a, ela de antemão se inabilita para resolver os problemas sociais.

Dito isto, vejamos o que o Cristianismo propõe em lugar da filantropia leiga.

O amor ao próximo

Para o cristão, Deus é o Sumo Bem e o Único que possa e deva ser amado de maneira incondicional; é o único Bem capaz de satisfazer à sede do amor humano, porque é o único que não contém deficiência; é o Bem infinito. As criaturas só são capazes de atrair o amor humano na medida, ora maior ora menor, em que refletem a perfeição divina ou em que são imagem de Deus.

Desta observação se segue importante conclusão: o amor que o cristão dedica ao seu semelhante parte de um termo mais elevado que o homem, e tende a voltar a esse termo. Deriva-se, com efeito, do amor a Deus; detendo-se nas criaturas, o cristão vê nestas o sinal ou o vestígio do Criador; por isto, ama-as por causa de Deus, estendendo o amor que ele dedica ao Senhor. E, por fim, o cristão tende a referir à glória e ao louvor do Altíssimo o bem que ele encontra nas criaturas; o seu amor deleita-se então e repousa de maneira definitiva em Deus.

O amor às criaturas, assim entendido, não é algo de facultativo. Não; amar a Deus implica necessàriamente «amar tudo que Deus ama ou tudo que traz o cunho de Deus».

Não será lícito permitir que motivos humanos de antipatia prevaleçam sobre a necessidade de amar todos os homens em Deus ou sobrenaturalmente.

Está claro que nem sempre podemos impedir o surto espontâneo de movimentos de antipatia para com esta ou aquela pessoa, principalmente se nos ofendeu ou se é um indivíduo moralmente viciado. Experimentar tais movimentos indeliberadamente ou sem consentimento da vontade não é pecado; o Senhor pode permitir que até as almas mais zelosas os experimentem durante anos a fio.

Faz-se mister, porém, dominar essa antipatia, subordinando-a ao amor a Deus ou estendendo até aos indivíduos «antipáticos» o amor que devotamos a Deus; o Senhor, sim, ama todos os homens, mesmo os nossos inimigos e os que nos causam repugnância; todos foram remidos pelo sangue de Cristo. Sem ter obrigação de entrar em relações de especial amizade com essas pessoas, o cristão procura ao menos dar-lhes o mesmo tratamento que dá a qualquer de seus semelhantes. — O amor a Deus purifica o amor aos homens e dá-lhe a devida ordem.

Quanto aos motivos naturais de amor (vínculos de família de nacionalidade, afinidade de temperamentos, comunhão de interesses temporais, etc.), ficam sendo legítimos; o amor, por exemplo, que cada pessoa dedica espontaneamente aos familiares, pode ser perfeitamente sustentado dentro da concepção cristã do amor; contudo requer-se que o discípulo de Cristo subordine o seu afeto natural ao amor sobrenatural; corrobore a sua simpatia natural, dando-lhe fundamento ainda mais sólido ou envolvendo-a dentro do amor que ele tributa a Deus. O amor ao Altíssimo purifica o amor aos homens e dá-lhe a devida ordem. Em consequência, mesmo que parentes e amigos se tornem «antipáticos», o cristão continuará a amá-los.

À luz destas ideias, tem-se dito que o genuíno amor é um amor trinitário. Sim; ele circula não apenas entre o «eu» e o «tu», mas entre «eu», «tu» e Deus. É a presença de Deus, é o amor a Deus que dá a solidez e a autenticidade ao amor entre as criaturas. É impossível que eu ame verdadeiramente uma criatura humana, sem que ame simultaneamente a Deus; não posso atingir a personalidade do meu próximo ou o que ele tem de mais digno, se não o considero à luz de Deus. O Criador será, em última análise, o vínculo ou o elo entre mim e meu próximo.  Cf. B. Hãring, La Loi du Christ III. Paris 1959, pág. 22.

Vê-se, pois, que, para o cristão, há um só amor com dois objetos: o Criador e as criaturas, aquele como objeto principal e absoluto, estas como objeto secundário e relativo. Diz S. Agostinho : «Com o mesmo e único amor amamos a Deus e ao próximo. .. a Deus, por causa d’Ele mesmo; a nós e ao próximo, por causa de Deus» (De Trinitate 8, 12 ed. Migne lat. 42, 954).

Estas noções serão ulteriormente desenvolvidas no parágrafo abaixo.

3. Deveres decorrentes do amor fraterno

A prática fiel da caridade é tarefa muito árdua, de modo que, mesmo nas almas ávidas de.perfeição, as faltas contra essa virtude não são raras. A razão principal da dificuldade é a seguinte: o amor deve penetrar todas as atividades do sujeito, tanto as que se manifestam (palavras e ações) como as que não se manifestam (juízos meramente interiores, afetos íntimos, etc.). O motivo que, em última análise, deve animar todos os atos do cristão, há de ser o amor; a prática de qualquer outra virtude tem que ser vivificada, em sua raiz, pela caridade. Já se tem dito com muita veracidade: «A caridade deve pôr óleo nas engrenagens da própria justiça».

Não intencionamos mencionar aqui todos os deveres decorrentes da caridade, mas apenas alguns daqueles que mais evidenciam a amplidão dessa virtude.

a) Caridade apostólica. Escrevia o S. Padre Pio XI ao episcopado argentino no dia 4 de fevereiro de 1931:

«Aqueles que amam a Deus não podem deixar de querer que todos O amem, e aqueles que amam realmente o próximo, não podem deixar de desejar a sua salvação eterna e de trabalhar para assegurá-la. É esta a base do apostolado…, que obriga todos os homens».

Nenhum cristão, ainda que chamado à vida solitária e ao deserto, tem o direito de viver para si só, sem levar em consideração as necessidades do próximo. As almas entregues no claustro à penitência e à oração devem na sua clausura entreter uma atitude apostólica, da qual ninguém as pode dispensar; ofereçam seus atos em união com o silêncio e a Paixão de Cristo a fim de colaborarem na Redenção do mundo; foi pregado à Cruz e inerte que o Senhor Jesus consumou a obra de salvação do mundo. No Corpo Místico de Cristo, lembra Pio XII, «somos remidos e somos corredentores» (ene. «Mystici Corporis»); quanto mais uma alma for fiel e fervorosa no lugar que Deus lhe assinalou, tanto mais será célula fecunda que receberá a vida da Cabeça e a transmitirá às demais células com abundância e proveito. Ninguém pode estender suas atividades visíveis na linha horizontal a gosto seu ou de acordo com as múltiplas indigências do mundo moderno; mas, em compensação, todos se podem aprofundar, vivendo mais intensamente a sua vida interior; e essa intensificação de vida equivale a um verdadeiro apostolado. Assim se entende, por exemplo, que S. Teresa de Ávila tenha alimentado nas Religiosas do Carmelo o zelo missionário, zelo que se traduz não em atividades exteriores, mas em oração, desagravo e exemplo. No silêncio e no ocultamento das almas fervorosas é que se decidem as grandes batalhas do Reino de Deus.

b) Caridade das inteligências. Àqueles que exercem o apostolado ativo, toca um dever que nem sempre é percebido e devidamente praticado.

Sim; é preciso dissipar os erros da inteligência e anunciar a verdade. Leve-se em conta, porém, que há duas maneiras de comunicar a verdade: uma, caridosa, a qual será sempre fecunda; e outra, um tanto pungente, pouco amável; esta é fadada a ficar sempre, em grau maior ou menor, estéril.

«A certeza de termos razão não impede a brandura das palavras. Há certo orgulho nos modos violentos de proferir a verdade, e isto prejudica fortemente as proposições que sustentamos. Raramente uma palavra dura e fria penetra nas almas; caso penetre, só deixará ferimentos… Somente a caridade e a compaixão humilde têm o dom de passar através de todos os obstáculos, pois há sempre uma via de penetração (para a caridade)» (R. Bazin, Étapes de ma vie. Paris 1936, pág. 35s).

Com outras palavras: é preciso que o arauto da verdade a proponha ao próximo na qualidade de amigo, e não de adversário nem de mero e frio doutor ou mestre. «O que mais abala os homens, é a amizade que temos para com as suas almas» (R. Bazin, ob. cit. 213).

Será necessário, portanto, apresentarmos a verdade não como dialéticos que usam de «armas» e fazem celeuma, mas como pessoas que se esforçam por compreender outras pessoas com seus problemas; e, tendo-as compreendido, procuram expor a verdade no seu aspecto mais atraente mais correspondente às necessidades do próximo, mais «moderno» (se necessário). Procuraremos distinguir bem o que a verdade tem de essencial, das proposições que nós subjetivamente lhe costumamos associar, por efeito de nosso modo de ver, de nosso temperamento ou de nossas simpatias pessoais (J. Maritain designa essas proposições acessórias como «ganga de subjetivismo e de egoísmo em que somos sempre propensos a envolver a verdade»; cf. «Qui est mon prochain?» em «Vie intellectuelle», agôsto de 1939, pág. 176).

Por conseguinte, o ideal consiste em propor a verdade de modo a não diminuirmos o próximo, mas, antes, captarmos todo o seu entusiasmo e a sua generosidade. Para o conseguirmos, só há um meio: procurar, com benevolência e perspicácia, ler nas fórmulas imperfeitas ou erradas que o adversário emprega, o núcleo de verdade que nelas possa estar contido (com razão, afirma-se que em todo erro há um cerne de verdade). E desenvolvamos no sentido autêntico esse cerne de verdade que o nosso interlocutor já possui. Os psicólogos fizeram uma verificação de notável importância: o espírito humano foi feito de tal modo que, nas lições que lhe damos, ele focaliza e apreende primeiramente os aspectos que correspondem aos seus quesitos e aos passos que ele anteriormente tenha dado por iniciativa própria; cada um começa a conhecer a verdade inteira a partir do seu problema próprio e pessoal.

É claro que estas normas não significam relativismo perante a verdade nem mórbida tolerância para com o erro. Apenas dizem respeito à maneira de comunicar a verdade. Sobre os direitos da verdade e a tolerância, cf. «P. R.» 36/1960, qu. 6.

c) Caridade social. O verdadeiro amor ao próximo toma em consideração não somente os indivíduos necessitados e a família de consanguíneos, mas também a sociedade como tal. Os Papas, a partir de Leão XII, têm mais e mais recomendado a caridade social. Esta não se identifica com distribuição de esmolas (pois a esmola é geralmente simples paliativo, e não remedia aos males pela raiz), mas visa principalmente a organização de instituições e leis que garantam o bem comum. Contudo as leis e a justiça por si não bastam, na maioria dos casos, para satisfazer às indigências dos cidadãos; por isto a caridade pode exigir do cristão que atenda ao próximo independentemente dos deveres estritamente impostos pelas leis. São palavras de Pio XI:

«Por certo a ninguém, sob pretexto de praticar a caridade, será licito furtar-se aos deveres da justiça. Todavia, ainda quando cada cidadão recebe aquilo a que tem direito por lei, fica aberto à caridade um campo de ação muito vasto. A justiça, por si só, mesmo quando meticulosamente observada, pode fazer desaparecer as causas dos conflitos sociais, mas não realiza a aproximação das vontades e a união dos corações. Ora todas as instituições destinadas a favorecer a paz e o auxilio mútuo entre os homens, por mais bem concebidas que pareçam, recebem a sua solidez principalmente do vínculo espiritual que une os membros da sociedade entre si» (ene. «Quadragesimo anno» n° 148).

De resto, as relações entre caridade e justiça social já foram abordadas em «P. R.» 48/1961, qu. 4.

A genuína caridade social ultrapassa os limites das nações e das raças, podendo tomar o aspecto de caridade internacional. Esta se esforça por dar às relações entre os povos outra base que não o poder (o direito do mais forte) ou mesmo uma justiça demasiado estrita. Não há dúvida, reconhece S. S. o Papa Pio XI, «há um sentimento de justo nacionalismo que a legítima ordem da caridade cristã não somente não desaprova, mas santifica e vivifica, ao mesmo tempo que lhe impõe disciplina» (ene. «Caritate compulsi», de 3 de novembro de 1932). É, portanto, lícito ao cristão preferir a sua pátria a outro qualquer país, e até mesmo dar a vida pela pátria, caso o bem comum o exija. Faz-se mister, porém, que se acautele contra o nacionalismo mesquinho, que detém a caridade nas fronteiras de determinada nação.

Ficam assim enunciados alguns deveres de caridade que mais parecem merecer atenção em nossos dias.

A questão seguinte contribuirá para desenvolver o assunto.

5) «O cristão, dizendo que ama o próximo em Deus e por Deus, parece desinteressar-se do bem temporal de seus semelhantes. Poder-se-ia Justificar um tal procedimento?»

Proporemos, em primeiro lugar, a resposta à questão. A seguir, consideraremos uma dúvida que decorre da doutrina explanada.

Bens espirituais e consolo temporal

É certo que o amor ao próximo deve levar o cristão a desejar e promover, antes do mais, o bem espiritual ou a salvação e a santificação das almas. O cristão tem consciência de que o homem não foi feito para esta vida temporal nem pode encontrar neste mundo a verdadeira felicidade; por isto importa-lhe, acima de tudo, que o próximo passe por este mundo de modo a assegurar a posse da vida eterna.

Verifica-se, porém, que, para viver devidamente a vida espiritual, os homens precisam de um mínimo de bens materiais, ou seja, dos bens que naturalmente contribuem para que alguém se possa aplicar digna e tranquilamente aos valores da alma (a alma se serve do corpo e necessita da sua colaboração para se afirmar em plenitude). Consequentemente a caridade manda ao cristão que também se interesse pelo bem-estar material dó próximo na medida em que este é substrato da vida espiritual.

Contudo não bastaria dizer que o amor do cristão só cuida do temporal na medida em que é meio ou instrumento para melhor assegurar a bem-aventurança eterna. Quem afirmasse isto, esqueceria que a caridade leva a amar não apenas almas, mas, sim, criaturas humanas, que constam de corpo e alma, criaturas humanas que trazem em si o desejo inato de gozar de alguma felicidade neste mundo mesmo. Tal desejo, incutido pelo próprio Criador (talvez «reminiscência» inconsciente do paraíso terrestre, onde o gênero humano começou a sua história), merece consideração por parte do cristão que queira realmente amar o próximo.

De resto, os absurdos da posição contrária são evidentes; saltam aos olhos antes de qualquer argumentação.

Assim, ninguém ousará afirmar que lhe é licito ficar indiferente diante do sofrimento temporal do próximo, alegando estar certo de que tal sofrimento contribuirá para acrisolar a virtude do paciente.

Não há quem não sinta atrativo espontâneo pela possibilidade de proporcionar prazer ao próximo, desde que isto não acarrete inconveniente espiritual.

Não há quem não perceba que é muito conforme ao espírito do Cristianismo tratar de loucos e alienados, aliviando os seus sofrimentos, embora tal tratamento não lhes ocasione algum bem espiritual. A enfermeira que cuida de um doente compreende espontaneamente que tem de o fazer, embora julgue que, para tal enfermo, a moléstia e a estada no hospital são mais convenientes, do ponto de vista espiritual, do que a saúde física (no hospital, o doente é preservado de pecados que cometeria se gozasse de vigor e liberdade).

Destas considerações se depreende que o bem-estar temporal dos homens interessa à caridade cristã não apenas como meio para que alcancem melhor a vida eterna, mas também como verdadeiro objetivo da nossa atividade (verdade é que será sempre objetivo secundário, que nunca nos será lícito antepor aos interesses espirituais do próximo).

Esta conclusão torna-se ainda mais clara desde que se leve em conta a necessidade que temos de nos servir de símbolos ou sinais sensíveis para progredir na vida espiritual. Em verdade, como lembra S. João, só amamos a Deus — a quem não vemos — caso amemos ao próximo — a quem vemos (cf. 1 Jo 4,20). Desdobrando este princípio, diria alguém com acerto: «… E só podemos ter segurança de que desejamos sinceramente ao próximo os bens que não vemos (bens espirituais), caso comecemos por lhe desejar os bens que vemos ou os bens que lhe proporcionem certa alegria temporal». A caridade para com o corpo pode preservar-nos da hipocrisia ou de uma falsa caridade espiritual.

Eis, porém, que a esta altura talvez surja na mente do leitor…

Uma dúvida…

Se é oportuno proporcionar ao próximo um certo bem-estar temporal (legítimo, mas não necessàriamente associado à salvação eterna), pergunta-se: por que então não aplicaremos o mesmo principio a cada um de nós ? Porque não procurará cada cristão gozar de todos os prazeres que estiverem ao seu alcance, contanto que o faça com honestidade?

Responderemos que o gozo irrestrito de todos os bens legítimos seria plausível no caso de estar a natureza humana moralmente sadia ou íntegra. Sabemos, porém, que tal não se dá; o pecado original viciou as tendências fundamentais de todo homem, de sorte que dizer «Sim» a todos os movimentos da carne equivale a alimentar desordem e favorecer a concupiscência pecaminosa. Para poder atingir a devida perfeição, cada indivíduo tem que lutar contra si mesmo refreando seus apetites sensitivos. Percebe-se, em consequência, uma verdade aparentemente paradoxal: o verdadeiro amor do sujeito para consigo exige mortificação do próprio «eu». Portanto, renunciar voluntàriamente ao gozo e aos afagos vem a ser, para cada indivíduo, um grande bem; é instrumento de purificação e santificação, do qual ninguém pode prescindir sob pena de se tornar escravo das próprias paixões. Não amaria verdadeiramente a si quem em tudo procurasse satisfazer à sua natureza. Que cada um aplique esta norma a si! — Não a queira, porém, aplicar ao próximo (impondo-lhe renúncias, sob o pretexto de que se santificará), pois ninguém sabe se o irmão acolherá com espírito de fé e generosidade a renúncia imposta; ninguém é capaz de influir decisivamente na vontade de outrem para que este aceite de bom grado o sofrimento.

Não toca a nós, portanto, proporcionar ao próximo privações e mortificações, a menos que ele as peça explicitamente. Enquanto ele não se manifesta, guiaremos nossa conduta por um principio muito claro: Deus criou os homens para a felicidade, e não para a tortura; em consequência, cabe-nos o dever de fazer o possível para que os nossos semelhantes se sintam bem e sejam felizes sob todos os pontos de vista.

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