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A Grande Alegria — Parte 2

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Encerrei a primeira parte fazendo uma breve meditação sobre a pureza virginal da Santíssima Virgem Maria. Não é por acaso que o Evangelho faz questão de dizer que o Anjo do Senhor foi ter com uma virgem.

Mas aqui tu podes notar que o Mensageiro dos Céus não foi a uma virgem qualquer. O Evangelho, como que prenunciando um nome humano que seria doravante invocado e glorificado até o fim dos tempos, diz:

“E o nome da virgem era Maria”.

(Lc 1,27)

Pode parecer um exagero de minha parte, mas a mim se afigura que o evangelista, estando movido pelo Divino Espírito Santo, compôs esse versículo do Evangelho de modo a destacar a Virgem Santíssima, pelo que o trecho citado é o desfecho do intróito. Schocken Sie Ihre Muskeln mit diesen intensiven Bodybuilding-Workout-Routine-Fitness-Junkies snovitra shorts beach man herren. Leia esse breve versículo várias vezes e medite-o em conjunto com a passagem do profeta Isaías de que falei no último artigo, e talvez então entenderás o que pretendo dizer com isso.

O nome da Santíssima Virgem a mim se afigura como que um mistério. De fato, ele não tem um significado preciso; não podemos dizer que o nome Maria quer dizer definitivamente isto ou aquilo. Certa vez eu li, mas não me lembro onde, que o nome Maria tem mais de 70 significados possíveis.

Bem, de fato não é a isso que desejo me referir, embora até a multiplicidade de significados tenha para mim um único significado bem importante, que é a multiplicidade das graças que podemos obter de Nossa Senhora, a qual se dá a conhecer à humanidade sob as mais diversas aparições. Mas realmente não é a isso que eu desejo me referir.

Se te aplicares em saborear bem esse trecho do Evangelho após ter meditado por algum tempo da vida nas glórias de Maria Santíssima, e após ter decidido a confiar inteiramente o seu coração a Ela, sentirás o delicioso sabor daquilo que é o nome de Maria Santíssima para ti mesmo.

“Maria! Ah… Maria!”. Sim, uma exclamação semelhante a essa deve sair de tua boca, pois esse nome soará para ti muito doce; Esse consolo é um fruto de que goza a alma que aprendeu a depositar confiança irrestrita na Santa Mãe de Deus. Obterás essa graça quando, tendo passado por tribulações e noites escuras, confiares tudo à Maria Santíssima, pedindo a ela ajuda e declarando partilhar da Fé dos Santos e da Igreja em tudo o que diz respeito a Ela.

“E o nome da virgem era Maria”. Não há muito mais o que eu possa dizer em relação a isso. Tal como o sabor que sinto ao provar de um delicioso manjar, tudo o que posso recomendar-te a ti é que experimentes para também saboreares.

Seguindo o relato, conta-nos o Evangelho que o Anjo entrou no lugar em que estava a Virgem.

Onde estava a Virgem Maria? O que fazia naquele momento da sublime visitação?

Há dois modos pelos quais gosto de compor o local. O primeiro, o qual me parece mais condizente com a literalidade do texto, é que estava a Virgem Maria dentro de casa, trancada em seu quarto (como ensinaria o Divino Salvador décadas mais tarde); a segunda, e que me parece mais sugestiva, sendo também a mais rica em frutos para a meditação, é que estava a Virgem no jardim de sua casa, de joelhos sobre a relva e rodeada pelas árvores do horto.

Este último modo é muito sugestivo, porque nos remete a outro jardim, aquele jardim de delícias que Deus criou para que o ser humano gozasse a paz de seu Criador e se deleitasse com os frutos de todas as árvores, exceto da árvore da ciência divina do bem e do mal. No primeiro jardim, Eva pecou, fazendo recair a ira de Deus sobre toda a humanidade; no segundo jardim, a Nova Eva, a Mulher profetizada pela Santíssima Trindade no Gênesis, dava início à obra de redenção de toda a humanidade, reparando o erro de sua primeira mãe.

Entenda, meu prezado irmão em Cristo, que não há mal algum em meditar uma mesma realidade sob formas distintas, por mais que não uma delas não seja totalmente condizente com a realidade estrita do que se passou. Também não há mal algum em complementar os elementos que na narrativa foram sonegados, preenchendo com conteúdo da própria imaginação, desde que haja aí um profundo respeito por todo o depósito da Fé e um modo tal de se proceder que confira a maior glória possível a Deus.

É nesse espírito que respondo o segundo questionamento, isto é, o que fazia Maria Santíssima naquele momento sublime da visitação? Tenho para mim que é certo aquilo queespeculam Santo Afonso de Ligório e tantos outros: Maria Santíssima, partilhando das esperanças do povo de Israel, e sempre fazendo memória das maravilhas que Deus operou em favor de seus eleitos, desde a promessa feita à Abraão até o livramento do povo da escravidão do Egito, estava naquele momento clamando a Deus pela vinda do Messias.

Nisso há uma escola de oração na qual Maria Santíssima se apresenta como mestra suprema, abaixo somente de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vivendo uma vida contemplativa, nãopodia sonegar a realidade na qual Deus se dá a conhecer. Apertava-lhe o Imaculado coração ver o sofrimento de seu povo pela opressão dos romanos; doía-lhe a tentativa nefasta de PôncioPilatos de se apropriar do tesouro do templo e de introduzir os ídolos romanos na Terra Santa; angustiava-lhe o fato de que os guias do povo, pelos quais nutria o profundo respeito exigido pela ordem natural das coisas, eram cegos que guiavam outros cegos, caindo todos no buraco.

Ela, a pobre Virgem de Nazaré, nada podia em relação a tudo isso, por mais grandeque fosse a sua santidade e mesmo tendo a consciência de que nunca havia ofendido a Deus com o mais mínimo pecado que fosse. Clamava, pois, pela vinda do Messias, o Salvador que, antes de tudo, haveria de mostrar aos homens o caminho da salvação, construindo um mundo novo não pela força da espada, mas pelo poder da Verdade e do Amor.

Mas Santo Afonso de Ligório faz notar que tamanha era a humildade dessa Virgem que não chegou perto de se passar em seu coração que Ela era a escolhida para ser Mãe do Salvador. Maria sabia, em sua profunda sabedoria, que o Messias deveria nascer de uma virgem, mas não podia suspeitar ser Ela mesma a escolhida para Mãe do Salvador, ofuscada que estava a sua visão por um ato da Divina Providência. Com efeito, desde sua Imaculada Conceição, preparou-se Maria sem dar-se qualquer descanso para ser apenas uma das virgens dignas de estar ao serviço da Virgem das virgens.

Isso não é fruto de uma imaginação piedosa; é o que a própria Virgem Maria revelou em uma de suas aparições à Santa Brígida. Disse assim a Imaculada:

Determinei consagrar a Deus minha virgindade, e não possuir coisa alguma do mundo, entretanto ao Altíssimo toda a minha vontade.

À Santa Isabel de Turíngia revelou a Virgem, como que em um complemento a esta última fala:

Entre todos os preceitos, tinha particularmente diante de mim o de amar a Deus. Levantava-me à meia noite e ia ao templo orar ao Senhor, diante do altar, para que me concedesse a graça de observar os preceitos e de contemplar a mãe do Redentor. Roguei-lhe que me conservasse os olhos para vê-la, a língua para louvá-la, as mãos e os pés para a servir, e os joelhos para adorar em seu seio o Divino Filho. 

Tenho para mim que a Santíssima Virgem vivia imersa nessa profunda devoção. Contemplava a glória de Deus, compadecia-se do sofrimento do povo, fortalecia a Fé por meio da memória dos prodígios da Divina Majestade, e crescia a cada dia na Esperança de contemplar o Divino Salvador e sua Mãe Santíssima. Por esse motivo, creio que nesse mesmo tipo de oração simples e da mais sublime sabedoria é que estava Maria Santíssima ocupada no momento em que o Anjo lhe interrompeu para comunicar a mensagem.

A saudação do Anjo segundo a língua em que foi escrito o Evangelho de S. Lucas é khaire, palavra grega que quer dizer “alegra-te”. Em nossas preces, substituímos o “alegra-te” por “ave”, que quer dizer a mesma coisa. Há alguns autores que crêem piedosamente que a palavra ave é um anagrama de Eva, simbolizando que Maria Santíssima é a Nova Eva que redimiu o mundo pelo seu sim.

Eu, no entanto, sempre me atenho ao khaire em seu significado literal. O que mais me impressiona nessa saudação é o fato de que o Anjo não se valeu da saudação que era comum ao povo de Israel, o famoso Shalom, que quer dizer “a paz esteja contigo”, conforme faz notar o Papa Bento XVI. Aqueles que estão familiarizados com os Santos Evangelhos sabem que o próprio Cristo usava ordinariamente desta última saudação, e ensinou aos discípulos que fizessem o mesmo ao entrar em uma casa. Mesmo depois de ressuscitado, continuou Cristo a saudar os discípulos dizendo: “A paz esteja convosco!”.

Deves imaginar que era conveniente e sábio que Deus mandasse ao Anjo introduzir sua mensagem dizendo khaire, pois estava então para acontecer o motivo de maior alegria para todas as criaturas, tanto as celestiais como as terrenas. Em outras palavras, antecipou o Anjo sua mensagem, como quem quer dizer:

“Alegra-te, Virgem Maria, Rainha de todos os anjos! O Senhor Deus ouviu tuas preces, pelo que agora envia ao mundo, pelo poder do Espírito Santo, aquele que irá salvar o povo de seus pecados e que instaurará o Reinado de Justiça e de Paz”.

É bem por isso que todos os artigos que versam sobre os mistérios gozosos foram intitulados até aqui como a Grande Alegria. Apesar de ser a Páscoa a grande solenidade da cristandade, é no mistério da Anunciação que tem início efetivo a obra da salvação. É acerca desse mistério que faz referência o próprio Jesus quando diz a Nicodemos:

“Por que Deus amou o mundo de tal modo que lhe deu seu Filho único para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Em complemento da saudação, o Anjo faz o uso do vocativo para dirigir-se à Virgem, chamando-a “cheia de graça”. Tenho por certo que o que de fato perturbou o coração de Maria Santíssima em toda a saudação foi justamente esse nome que Deus acabara de manifestar acerca de sua criatura predileta: Cheia de Graça. Como faz notar S. Bernardino, se o Anjo tivesse dito que era a maior pecadora do mundo, não teria a Virgem Maria se admirado; mas não sem perturbação pôde suportar todos aqueles louvores. Prossegue o Santo dizendo:

Isso porque, sendo tão cheia de humildade, aborrecia todo elogio e desejava que só o Criador, fonte e origem de todo bem, fosse louvado e bendito. 

A própria Virgem Maria deixou isso claro ao dizer certa vez para Santa Brígida:

Por que me humilhei tanto ou por que mereci, minha filha, uma tão extraordinária graça? Só porque estava plenamente convencida de não valer nada, de não possuir algo de mim mesma. Procurava por isso o louvor de meu Criador e Benfeitor e nunca o meu próprio.

Não posso ir contra Santo Afonso de Ligório quando diz que a Virgem Maria se via como uma mendiga revestida de vestes caríssimas que lhe foram dadas, e que por ter sido tão agraciada, não sabia fazer mais nada além de contemplar seu Divino Benfeitor.

Para arrematar essa meditação sobre a humildade de Maria, deixo-te com as palavras que o próprio Cristo pronunciou quando apareceu à Santa Brígida para louvar sua Mãe Santíssima. Santo Afonso relata a história nos seguintes termos:

O Senhor também mostrou um dia a S. Brígida duas mulheres: uma toda luxo e vaidade. Está – disse ele – é a Soberba. Da outra, disse: Contempla essa que tem a cabeça baixa, que é serviçal para com todos, pensando em Deus unicamente e convencida de seu nada; é a Humildade e chama-se Maria.

Veja, meu caro irmão, que do mesmo modo como Deus anuncia a Sabedoria não como um conceito abstrato, mas como um ser humano de carne e osso, segundo os escritos sapienciais e os Santos Evangelhos, anuncia também a Humildade não como uma virtude etérea, mas como a criatura humana que mais lhe agrada: A Santíssima Virgem Maria. Digo eu que tamanha é a humildade dessa Rainha que S. Miguel Arcanjo cora de vergonha, considerando sua própria virtude como nada.

Reflita agora, meu irmão, sobre aquilo que mais se opõe à Santíssima Virgem Maria, que é a soberba. 

Todas as vezes que optas por fazer a tua vontade, seja ela pecaminosa ou não, deixando de lado a Santa Vontade de Deus, estás a seguir o teu próprio coração, colocando tua vontade em um Trono que foi criado por Deus para que Ele, e somente Ele, nele se assentasse. Entendes agora por que a soberba é também chamada de idolatria pelos Santos Padres? Das idolatrias é ela a pior, pois tem por objeto o próprio homem, tornando-o o mais semelhante que pode ser com Satanás.

Não deixe de pensar em todas as vezes que desprezaste a opinião alheia ou que travaste disputas agindo de maus modos, com a voz cheia de arrogância e escárnio, ainda que a razão estivesse do teu lado naquele momento.  E quantas vezes não te iraram tuas próprias quedas, como se fosse coisa surpreendente que mais uma vez tivesses caído? Não quero nem pensar se nesse momento tu te iraste também com teu próximo, como se fosse por culpa dos outros, e não exclusivamente tua, que tenhas caído; com efeito, peca-se duas vezes ao se proceder dessa maneira.

E quantas vezes não te deixaste dominar pelo desânimo? Pensas que o desânimo é filho somente da acídia, pois eu te digo que tem ele várias mães, e que a principal delas é a soberba. Se estás resistente em seguir o caminho da virtude é porque perdeste o gosto pelas coisas que são de Deus, mas é certo que não perdeste o gosto por todas as demais coisas que têm por finalidade unicamente o teu deleite.

Tantos são os filhos desse pecado maldito (a soberba), que páginas e mais páginas precisariam ser escritas com perguntas como essas para que pudesses examinar bem tua consciência. Deves, pois, tomar isto como propósito urgente e fundamental em tua vida: Reconhecer a soberba em teu coração, nomear os filhos que ela gerou até aqui, e empreender o bom combate para derrotar essa tirana, mãe de todo o mal e rainha do inferno.

Não anseies, meu irmão, por nenhuma outra virtude se ainda não tiveres em teu coração e de modo muito sólido as virtudes da humildade e da Fé. Elas são o fundamento da vida espiritual, e sem elas nada do que fizeres terá méritos para a vida eterna. É bem por isso que diz S. Bernardo:

Se não podes imitar a humilde Virgem em sua pureza, imita ao menos a pura Virgem em sua humildade. Ela aborrece os soberbos e chama a si os humildes.

Peça, pois, à Santíssima Virgem Maria um coração humilde. Diga várias vezes ao dia:

“Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”.

Quanto te elogiarem, lembra-te imediatamente dos teus pecados, sobretudo os mais impuros e infamantes, e assim a vanglória não encontrará o nutriente que necessita para crescer. Esse nutriente é a consciência da virtude de teus atos. Oferece também a Deus todo o louvor, lembrando-te que no princípio era o Verbo, enquanto tu ainda eras nada.

Em nosso próximo encontro continuaremos a meditação desse sublime mistério. Espero de todo o coração que os bons frutos já estejam sendo colhidos.

Que Deus abençoe a todos e ao apostolado Cooperadores da Verdade.

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