E01T05 – O Dom de Línguas
Nesse episódio — o primeiro de 2020 — nós conhecemos brevemente a vida de São Pedro de Alcântara, o Padroeiro do Brasil, e falamos sobre o Dom de Línguas. O que é essa coisa de falar em línguas, de orar em línguas, que está na Sagrada Escritura e que, sobretudo nas últimas décadas, ganhou tanto enfoque nos movimentos pentecostais dentro e fora da igreja? Ouça e descubra qual é a doutrina da Igreja a este respeito.
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Irmãos, a Paz!
Como católico, como zelador do Apostolado da Oração, tive uma experiência com dos Dons mencionados por S. Paulo. Na verdade, após ler as 12 promessas do Coração de Jesus (em especial “os tíbios se tornarão fervorosos”), comecei a receber dons do Espírito Santo aos quais não tinha conhecimento: profecia, cura, discernimento dos Espíritos. Tudo naturalmente, sem imposição de mãos nem orações. Depois, convidado à uma reunião pela coordenadora da Renovação Carismática, recebi o dom de línguas – a qual tinha muitas dúvidas e via escândalos.
Estudei e encontrei, sempre através da Bíblia de Jerusalém, alguns pontos que me confirmaram e peço para que dêem alguma atenção, para que possamos todos perder o medo e compreender a vontade do Senhor. Cito passagens que muito me influenciaram: Sb 1,7 (comentários – o Espírito não ignora nenhum som) ; Is 28,9-13 “çav laçav” (que NÃO DEVE ser traduzido, pois será explicado pelo profeta na sequência); Rm 8,26 “gemidos inefáveis”; Mc 16,17 “falarão NOVAS línguas”.
De modo que esta oração exige grande humildade do orante, pois não compreende o que ora – em geral, louvores, pois o Senhor Jesus mesmo disse (Mt 21,16) “das criancinhas de peito preparaste um louvor para ti” (que são os gemidos do bebê).
Me parece que o Senhor quer que aplaquemos um pouco nosso intelecto, para esperar apenas Dele nosso socorro. Deixar de nos orgulhar tanto da nossa inteligência. Peço vênia ao autor do livro que se foca apenas numa má tradução de um único versículo sem abranger mais, ainda que o entendimento de que a Igreja necessita falar em todas as línguas esteja correto – porém não tocou o problema por não ter vivência do dom – como aliás nem os Padres Conciliares, como Card. Suenens, que confessou ser inspirado pelo Espírito Santo a defender o que não tinha vivência.
Vamos nos aprofundar mais no estudo que é complexo. Deixo, também a indicação do livro (uma coletânea de teses e artigos teológicos) “Falar em Línguas” de Benigno Juanes, SJ.
Fiquem com Deus!
Olá, meu caro. Salve Maria!
“Experiências” muitos dizem ter em tudo quanto é lugar, dentro e fora da Igreja. Mas, afinal o que confirma que a sua experiência foi realmente algo divino e católico?
Uma vez que — claro, sem querer desprezar sua experiência, me entenda bem — muitos de outras religiões também dizem ter “experiências de Deus”, o que confirmaria se esta experiência é realmente divina e católica?
Pois bem, eu respondo: O que confirma isso é a Doutrina e a Tradição da Igreja. E, como bem exposto neste episódio, nem a Doutrina nem a Tradição da Igreja confirmam que essa experiência do “falar ininteligível” seja realmente algo Católico; do contrário, todas as vezes em que isso apareceu na Igreja foi entre os hereges. É preciso ter cuidado, meu caro, para não cairmos no erro protestante de interpretar a bíblia isoladamente da Igreja. É preciso buscar as referências católicas, os escritos dos Santos Padres e o apoio do Magistério da Igreja para a interpretação da Sagrada Escritura, só isso nos isentará do erro.
Olá, caríssimo! A Paz!
O tema é complexo e vasto. E, pior, há poucos documentos e evidências.
Mas, em defesa de meu argumento baseado na Doutrina e Tradição, cito o Pe. Paulo Ricardo – em seu curso sobre a Terapia das Doenças Espirituais: segundo ele, é um sinal de Acídia, verificado por Evágrio Pôntico: “quando o monge ‘gosta de mover a língua (oração em línguas) mas, não quer rezar o Salmo’ “- ora, aqui temos um dos Santos Padres citando o fato de haver monges com preguiça de orar e “justificando” que oram em línguas.
O próprio Pe. Paulo aceita a oração em línguas e confirma Pôntico: “Veja, a oração em línguas existe, mas ela é um transbordar do coração e não ‘bengala do preguiçoso’! ” – aqui temos uma prova. Precisamos de mais? Claro!
O que estou falando é sobre isso: vamos buscar mais informações e não disseminar preconceitos. Você não comenta nenhuma passagem que citei e ainda me acusa de abraçar o protestantismo alegando que só o que estiver escrito pela Doutrina e a Tradição será aceito. Então, lhe pergunto: onde está escrito que só pode ter validade o que estiver escrito pela Doutrina e Tradição?
Se formos por este lado, negaremos tudo o que nos deixaram os grandes santos místicos, sendo alguns Doutores da Igreja – que tiveram experiências de ouvir e ver Jesus como Santo Antão, Santa Catarina de Siena, São Bernardo de Claraval, Santa Faustina Kowalska, Santa Tesesa de Ávila, Santo Inácio de Loyola, São Gregório I, para não falar de Santa Margarida Maria.
O que se sabe, da Doutrina e da Tradição, é que Deus não se contradiz. E, da experiência católica que tenho, não há contradição alguma.
Ou será que vamos negar, em nome da Tradição, o Apostolado da Oração? Nada do que Santa Margarida havia anotado, existia para a Tradição nem para a Doutrina. Por seu raciocínio, o Apostolado da Oração jamais existiria. E no entanto, foi aceito. Como? Que meios a Igreja usou para “atestar” a catolicidade das experiências de Margarida Maria? E dos demais santos? Como mensurar uma experiência mística, como é uma autêntica oração em línguas?
Desculpe me alongar, mas quero trazer S. Paulo para esclarecer mais a questão (1Cor 14,6-10):
“Suponde agora, irmãos, que eu vá ter convosco, falando em línguas: como vos serei útil, se a minha palavra não vos levar nem revelação, nem ciência, nem profecia, nem ensinamento? O mesmo se dá
com os instrumentos musicais, como a flauta ou a cítara: se não emitirem sons distintos,
como reconhecer o que toca a flauta ou a cítara? Assim também vós: se vossa linguagem não se exprime em palavras inteligíveis, como se há de compreender o que dizeis? Estareis falando ao vento.”
São Paulo, fala aqui de “palavras inteligíveis” (Bíblia de Jerusalém) e ele tinha experiência de orar em línguas pois declarou que orava em língua mais do que todos, alguns versículos adiante (1Cor 14,18).
Como não ver que se está falando da glossolalia, sílabas que não formam palavras?
O que a Igreja recomenda, enquanto não temos confirmação oficial, é prudência e não condenação.
Ocorre que a Renovação Carismática está há mais de 50 anos servindo a Igreja e não temos nenhuma recomendação oficial condenando a prática da oração em línguas (em termos de glossolalia). E olha que tivemos Bento XVI à frente.
Peço que todos tenham cuidado com suas posições em relação à ação do Espírito Santo, relembrando o que nos disse Jesus, ao ser acusado de expulsar demônios por Belzebu:
“Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste
mundo, nem no vindouro.” (Mt 12,32)
Paz e Bem!