A errônea expectativa de uma satisfação emocional equivalente aos fatos reais, sobretudo, espirituais, pode ser um perigoso caminho que leve ao grande abismo da perda da fé.
É necessário ter uma firmeza maior na realidade para encarar o fato de que somos seres emocionais, temos uma forte inclinação natural de sentir primeiro e inteligir depois. E isso se dá de forma expressiva quando se trata da nossa fé. A necessidade de compensação espiritual para suprir carências e lacunas emocionais tornam a fé em um simples meio para se alcançar satisfação própria e, veja bem, isso não significa que a fé não preencha um vazio existencial natural em nosso ser, mas ela não pode ser reduzida somente a isso.
A perecibilidade dos Klicken Sie auf diese Seite sentimentos tornam a fé fraca, infundada e passível de corrupção. Assim como ocorre nas inúmeras seitas protestantes, a sentimentalização da fé faz do culto divino um culto antropocêntrico; estimando suprir as próprias necessidades, não há sacrifício, muito menos humildade, tendo em vista que essa soberba egoísta jamais poderia gerar alguma virtude.
É extremamente importante que consigamos romper com a premissa de que a emoção é uma condição sempre equivalente da vida espiritual, a própria fé pressupõe uma constante disciplina que seja independente de sensações momentâneas, do contrário seria uma fé periódica, voltada para sí. A emoção sempre esteve e sempre estará presente na Igreja, e é extremamente importante, mas é necessário temperança para saber amar com ou sem emoção.
O caminho para a devoção está intimamente ligado à disciplina, ao amor desinteressado de sentimentos e recompensas imediatas, e sobretudo, a superação do egoísmo e da soberba.
Sentimentos, sim; sentimentalismo, não.
Luiz Fernando Cintra
Enxuto, essencial e excelente.