(Pe. Carter Griffin, St. Paul Center. Traduzido por Petter Martins) São José provavelmente passou mais tempo com Jesus do que qualquer outro ser humano na história. Esse é um pensamento e tanto.
Pense em todas aquelas horas que eles trabalharam juntos na oficina, aprimorando seu ofício, a maior parte do tempo em silêncio. José deve ter parado muitas vezes apenas para admirar seu filho, concebido pelo Espírito Santo no ventre de sua amada esposa.
#DicaCooperadores: São José — Esposo da Santíssima Virgem Maria, por Cardeal Alexis Marie Lépicier
São José e Jesus provavelmente conversavam sobre coisas triviais e também profundas. Eles trabalhavam duro, interagiam com os clientes e discutiam os eventos do dia. Eles provavelmente riam muito também, talvez até gostassem de brincadeiras divertidas. Jesus pegou o sotaque de José, seus maneirismos, seu senso de humor. O amor de dele por Jesus transbordou para uma vida de intensa oração. Jesus, por sua vez, amava José como um filho perfeito. Eles devem ter se olhado com sentimentos avassaladores de alegria e carinho.
São José, o “homem justo” da Escritura, é um modelo para todos os cristãos. Ele era um homem de profunda fé, um homem que confiava em Deus de todo o coração, um homem de profunda humildade. Ele não despertava atenção para si e falava muito pouco. José nos mostra que uma vida florescente não é de autopromoção, mas de generosidade simples e silenciosa.
Ele é um modelo para todos os cristãos, mas ainda mais é um modelo para todos os sacerdotes. Isso pode ser uma surpresa; afinal, José não era padre. Ele era da tribo de Judá, não um levita. Como ele pode ser um modelo especial para os padres?
Primeiro, porque Deus confiou o cuidado de Seu Filho a José. A todo sacerdote, Deus também confia o cuidado de Seu Filho. Quão seriamente José deve ter levado esta sua missão! Quão intensamente ele deve ter adorado Jesus, ainda no ventre de Maria, e se comprometido com Sua proteção!
São Pedro Julião Eymard, no Século XIX, escreveu certa vez: “Se o pai de Orígenes costumava beijar seu filho durante a noite e adorar o Espírito Santo que vive nele, podemos duvidar que José deva sempre ter adorado Jesus escondido no puro tabernáculo de Maria? Quão fervorosa deve ter sido essa adoração: Meu Senhor e meu Deus, eis o teu servo! Ninguém pode descrever a adoração desta nobre alma.”
Os sacerdotes, encarregados da adoração e da proteção do Filho de Deus, especialmente no Santíssimo Sacramento, são chamados, acima de tudo, como homens de adoração incessante e intensa. Santa Teresa chamou a oração de “um simples olhar lançado para o céu“. Um sacerdote durante seu ministério pode direcionar sua oração para cima com um “olhar simples” e São José nos mostrará o caminho para amar melhor a Jesus.
Segundo, José era um homem de autoridade humilde. Apenas pense: como chefe da Sagrada Família, ele tinha autoridade temporal sobre Jesus e Maria! José era responsável pelo bem-estar de dois seres cuja santidade superava a dele. E, no entanto, a dele era uma autoridade real. Ele foi o único homem homenageado com o título “Abba” pelo Filho de Deus. José confiou em Deus para compensar suas fraquezas, para ajudá-lo a servir a Jesus e Maria com sabedoria, humildade e fidelidade. Quantas vezes nós, sacerdotes, percebemos a santidade das pessoas a quem servimos? Santidade que às vezes supera a nossa e, ainda assim, somos chamados a serví-los com uma autoridade genuína e humilde. José, novamente, pode aí nos mostrar o caminho.
Terceiro, como José, os sacerdotes têm um relacionamento único com Nossa Senhora. Sacerdotes levíticos ministravam diante da Arca do Senhor em Jerusalém. Embora José não fosse um sacerdote levítico, ele ministrou a Maria, a Arca da Nova Aliança, que carregava Jesus em seu ventre imaculado. Como São João faria mais tarde, José levou Maria para sua casa, para seu coração e deu a ela tudo o que tinha. Essa não é uma imagem bonita do sacerdote, hoje, ministrando diante do Tabernáculo do Senhor em nossas igrejas?
José foi chamado para proteger os dois maiores tesouros do Pai na Terra, Seu Divino Filho e Sua amada filha Maria. Não há privilégio maior dado a qualquer homem na terra, e esses deveres recaem primeiro ao sacerdote. Mais uma vez, José pode nos mostrar o caminho.
Finalmente, São José é um modelo para os padres celibatários na maneira como exercia sua casta paternidade sobre Jesus. José foi comissionado por Deus para cuidar de Jesus, provê-lo, ensiná-lo, amá-lo e protegê-lo. Pode haver um modelo melhor para um padre celibatário?
Os sacerdotes são chamados à paternidade sobrenatural, para dar vida na ordem da graça. Eles o fazem nutrindo seu povo com as Fontes da Graça, especialmente o próprio Pão da Vida, proclamando e pregando a Palavra de Deus, e protegendo o depósito da fé de todos os erros e confusões.
“Vá a José“, disse o faraó ao seu povo que estava faminto por comida corporal. Hoje, inúmeras almas passam fome, não pela comida do corpo, mas pela comida que nutre nossas almas imortais. São os sacerdotes que são chamados acima de tudo para nutrir nosso povo dos abundantes armazéns da graça de Deus.
“Vá para José“, ouvimos novamente, e ele nos mostrará o caminho.